Bogotá - A rápida parada que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, fará neste domingo (11) em Bogotá avivou a disputa entre os defensores e opositores do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, o melhor aliado de Washington na região.

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A polêmica deixou o clima mais tenso no país andino, que antecipando a visita de Bush se tornou palco de vários protestos, que, pelo menos em Bogotá, se repetirão no domingo com um grande comício no centro da cidade.

Sem entrar na discussão, a breve passagem do governante americano não deixou os moderados, como a Igreja Católica, indiferentes.

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O presidente da Conferência Episcopal da Colômbia (CEC), Luis Augusto Castro, disse que a presença de Bush "pode servir para escutar os colombianos" e analisar as desigualdades nas relações entre EUA e Colômbia.

Mas Castro também se mostrou favorável a que a ajuda americana para a Colômbia seja menos militar e "mais para o progresso e o desenvolvimento do país, já que essa é a raiz de todos os problemas".

O presidente da CEC se referiu à preferência americana ao caráter militar do Plano Colômbia, iniciativa antidrogas e contra o terrorismo, implementado em 2000.

Desde então, os EUA encaminharam mais de US$ 3,5 bilhões ao programa, enquanto a ajuda para projetos sociais soma US$ 717 milhões.

Embora com um tom mais suave, Castro concorda com a postura da principal força opositora a Uribe, o partido de esquerda Pólo Democrático Alternativo (PDA), que rejeita a "intromissão" de Washington na Colômbia.

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"O Plano Colômbia aumentou em US$ 4 bilhões a presença militar dos EUA na Colômbia", declarou o porta-voz do PDA no Senado, Jorge Enrique Robledo, afirmando que a operação "inclui conhecidas e fortes atividades de numerosos agentes" secretos, antidrogas e de investigação.

Além disso, o líder opositor considerou que o Tratado de Livre-Comércio (TLC) que ambos os países assinaram no final de novembro em Washington, "submete a soberania (colombiana) em todo ou em parte ao domínio estrangeiro (americano)".

Por isso, Robledo acusou Uribe na quinta-feira perante a Comissão de Acusação e Investigação da Câmara de Representantes, de "traição à pátria" e "traição diplomática".

O Executivo não se pronunciou sobre o caso promovido pelo PDA no momento em que os legislativos de Washington e Bogotá analisam o TLC.

O tratado só poderá entrar em vigor caso seja aprovado em ambos os congressos e, no caso colombiano, a negociação foi atrapalhada pelo escândalo da "parapolítica", por supostas ligações de congressistas e políticos aliados de Uribe com os paramilitares.

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Plano Colômbia e o TLC

O Plano Colômbia e o TLC são dois dos assuntos que Uribe e Bush tratarão em uma reunião de às 13h15 de domingo (15h15 de Brasília) na Casa de Nariño, a sede do Executivo.

A reunião bilateral será a única atividade oficial de trabalho de Bush, que faz sua segunda visita à Colômbia em seis anos de mandato na Casa Branca. A primeira, também de poucas horas, ocorreu no final de novembro de 2004, na cidade caribenha de Cartagena.

Bush é um "presidente amigo" que "teve decidiu apoiar a Colômbia no processo de acabar com o terrorismo e com as drogas", disse Uribe em entrevista na sexta-feira (9), para falar da visita.

A ajuda americana à Colômbia "foi prática, não retórica", defendeu Uribe, cujo Governo iniciou uma histórica operação de segurança para proteger o visitante.

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Serão 21 mil policiais e um número não informado de militares, incluindo fortes medidas de controle nas ruas e o sobrevôo permanente de helicópteros de combate e aviões.

"O esquema está funcionando muito bem", assegurou o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, que disse: "tenho certeza que o presidente Bush não terá nenhum problema durante sua estadia no domingo".