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Para muitos cubanos, o papa é um verdadeiro herói. | Carlos Garcia Rawlins/Reuters
Para muitos cubanos, o papa é um verdadeiro herói.| Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

Para muitos cubanos, o papa é um verdadeiro herói, por seu papel para ajudar a restabelecer as relações diplomáticas entre EUA e Cuba. No entanto, um colaborador próximo do papa no Vaticano, Guzmán Carriquiry, disse que o objetivo fundamental da visita de Francisco à ilha caribenha, a partir do sábado (19), é pastoral, não político. “Quando perguntei ao Santo Padre se ele ia a Cuba continuar as negociações entre Estados Unidos e Cuba, ele respondeu claramente que esse não era o motivo da viagem”, disse Carriquiry.

Segundo ele, a intenção é reafirmar a fé católica dos cubanos e dar ânimo a uma comunidade que “sofreu nas últimas décadas”. Isso não quer dizer, porém, que não haverá política na agenda, mas sim que ela deve ocorrer a portas fechadas. O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse que o pontífice pode discutir em privado temas como os dissidentes cubanos, “sem ter que lidar com eles de forma ruidosa”.

O voo especial da Alitalia levando o papa e sua equipe decolou do Aeroporto Leonardo da Vinci, de Roma, pouco depois das 5h30 (de Brasília) do sábado e a chegada em Havana estava programada para as 17h30 (também no horário brasileiro). É a primeira visita dele aos dois antigos arqui-inimigos, após a maior autoridade da Igreja Católica conseguir impulsionar uma histórica reaproximação entre os dois governos. A partir do dia 24 de setembro, o pontífice passará por três cidades dos Estados Unidos: Washington D.C., Nova York e Filadélfia, em um giro de dez dias pelos dois países.

Agenda

O pontífice deve dar uma mostra de solidariedade aos cubanos e deixará claro que os hispânicos nos EUA são a base da Igreja Católica no país. Francisco será o primeiro pontífice na história a falar no Congresso dos EUA e o primeiro a proclamar um santo em território norte-americano, ao canonizar o controverso missionário espanhol Junípero Serra. Ele também seguirá alguns passos de seus antecessores, sendo o terceiro papa a visitar Cuba em 17 anos, mesmo com o país tendo uma comunidade pequena de católicos. Ele deve também tratar na Organização das Nações Unidas de questões como imigração, meio ambiente e perseguição religiosa, sendo ouvido por centenas de líderes mundiais.

O papa navegará em boa medida por águas desconhecidas. Ele nunca visitou os dois países e confessou que os EUA eram tão desconhecidos para ele que passaria o verão lendo sobre o país. A popularidade do pontífice nos EUA é grande, mas também há opositores, especialmente aqueles que rechaçam suas críticas aos excessos do capitalismo. Por outro lado, o pontífice criticou também a revolução socialista – e ateia – de Cuba, considerando que ela nega aos indivíduos sua “dignidade transcendente”.

Francisco viajará a Santiago, no oeste cubano, para orar no santuário da patrona de Cuba. No caminho, fará uma escala em Holguín, em mais uma mostra de que deseja visitar também lugares mais periféricos, que costumam ser deixados de lado em visitas do tipo.

O pontífice chega em Washington em 24 de setembro, para o início da etapa norte-americana da viagem. Ele será recebido pela família do presidente Barack Obama na Base Andrews, da Força Aérea. A visita aos EUA é em grande medida um aceno aos hispânicos, que representam 38% dos católicos adultos em território norte-americano. Francisco fará a maioria de seus discursos em seu espanhol natal, apesar de que se comunica bem em inglês.

A canonização do frei Junípero Serra, que construiu missões em várias partes da Califórnia no século 18, busca dar aos latinos católicos um modelo a seguir na região. Para indígenas autóctones, porém, o trabalho do religioso colaborou para exterminar populações nativas.

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