A chegada do papa Francisco ao Paraguai nesta sexta-feira (10), a última etapa de uma viagem que passa por três países da América do Sul (Equador e Bolívia foram os outros), traz um novo impulso aos movimentos sociais de um país pobre e descrente no governo, mas que ainda carrega certa apatia, destacam analistas.
“A expectativa é bastante positiva. O Paraguai é um país de muita religiosidade. A visita do papa é uma forma de trazer esperança para este povo”, destacou a jornalista e pedagoga paraguaia Carolina Cuenca à Gazeta do Povo no início da tarde desta sexta-feira (10).
“A escolha dos países para visita deixou claro que Francisco quer influenciar estas sociedades periféricas”, destacou a jornalista. “Em todos os lugares por onde passou, o pontífice denunciou a opressão dos sistemas capitalistas.”
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Para Carolina, ouvir o discurso do papa vai influenciar na melhor organização dos movimentos sociais (ou na formação deles), além de garantir respeito a estes grupos.
“Há uma mobilização civil no Paraguai, principalmente de indígenas e camponeses [a agricultura ainda é a base da economia do país]. Há muita gente interessada também. Mas precisamos amadurecer”, destaca a estudiosa em relação à forma como os grupos se articulam.
Carolina aponta que existem mais de mil organizações sociais no Paraguai, número que ela considera interessante em um país de pouco mais de 7 milhões de habitantes.
O historiador e professor universitário Juan Colón concorda que o principal legado da visita papal é dar voz aos grupos sociais. “Claro que há a questão religiosa e de ressaltar valores éticos da Igreja. Mas, além da fé, a turnê de Francisco pelos três países deixa uma mensagem bastante clara de respeito aos grupos que lutam por uma sociedade mais justa”, diz.
“Pela ressonância da figura carismática e importante dele, os líderes dos países e a população passam a enxergar e ouvir o grito das comunidades”, defende.