Comboio da ONU passa ao lado de placa de alerta em Abidjan, na Costa do Marfim| Foto: Luc Gnago/Reuters

Tentativa

Kadiatou Fanta tentou retornar aos cursos da escola de medicina na Universidade Gamal Abdel Nasser. No entanto, em um sinal de como são enraizados os falsos juízos sobre o Ebola, mesmo seus professores não a querem na sala de aula, apesar do certificado de saúde que ela recebeu. "Os professores disseram que vão me instruir por telefone", relata.

CARREGANDO :)

Os professores da faculdade de medicina não querem mais Kadiatou Fanta na sala de aula. O namorado terminou com ela. Todos os dias a jovem de 26 anos come sozinha e dorme sozinha. Até mesmo membros da família dela estão com medo de tocá-la, meses depois de ela ter sobrevivido ao vírus Ebola.

Estão distantes os dias em que ela vomitava sangue e ardia em febre. E mesmo com um certificado de saúde declarando que ela se recuperou, Kadiatou diz que ainda parece que ser "a sobrevivente do Ebola" é algo que está marcado em sua carne. "O Ebola arruinou a minha vida mesmo eu estando curada", disse. "Ninguém quer passar um minuto na minha companhia por medo de ser contaminado."

Publicidade

O vírus do Ebola só é transmitido pelo contato direto com fluidos corporais de pessoas doentes, como sangue, saliva, urina, suor ou sêmen. Quando os primeiros casos emergiram na Guiné em março, ninguém havia enfrentado uma doença tão violenta e terrível naquela parte da África.

Tratamento

A atual epidemia já matou mais de mil pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A taxa de fatalidade nos surtos anteriores de Ebola era de 90%, mas autoridades médicas dizem que metade das vítimas estão sobrevivendo. Embora não haja um tratamento específico, pacientes podem receber tratamentos de apoio como fluidos intravenosos para mantê-los hidratados. Se viverem tempo suficiente para desenvolver anticorpos podem sobreviver, embora ainda possam contrair outras cepas do Ebola no futuro, segundo especialistas.

Informação

Profissionais de saúde pedem que população não esconda doentes

Publicidade

Trabalhadores do setor de saúde esperam que a visão de que pessoas podem sobreviver ao Ebola encoraje comunidades receosas a buscar tratamento médico e faça com que as pessoas deixem de esconder os doentes em casa, onde podem infectar parentes que estiverem por perto.

Em Serra Leoa, Sulaiman Kemokai, de 20 anos, foi liberado de um centro de tratamento de Ebola no domingo passado, depois de 25 dias. Ele ainda sente falta de flexibilidade nas articulações, mas diz que está ganhando força a cada dia. "Quando fiquei doente, eu estava com medo de ir ao hospital. Me escondi da minha família e dos funcionários de saúde. Depois de quatro dias eu não podia me esconder mais, eu estava muito doente. Uma ambulância me levou para o hospital", descreveu Kemokai.

Apreensão

No entanto, alguns em sua comunidade estão relutantes em ter qualquer contato físico com ele. Quem é liberado dos centros de tratamento já não podem transmitir o vírus, mas o Ebola ainda pode estar presente no sêmen dos homens por até sete semanas.