O presidente eleito do Irã, o clérigo centrista Hasan Rowhani, classificou ontem sua vitória como "o triunfo da moderação e do desenvolvimento" e "da religião sobre o extremismo e o ódio".
Em suas primeiras declarações, pela tevê, Rowhani agradeceu ao líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, e pediu a colaboração de todos os setores do regime para trabalhar.
Ao se dirigir aos demais países, ele pediu que "falem com respeito ao povo iraniano e reconheçam os direitos" da república islâmica.
Rowhani, único candidato moderado entre os seis que disputaram o pleito os outros aprovados pelo Conselho de Guardiães iraniano são todos conservadores , obteve 50,7% dos votos, com o apoio de 18,6 milhões de eleitores.
Este foi o primeiro pleito presidencial desde 2009, quando o regime reprimiu duramente os protestos contra a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad.
Promessas
Ao longo da campanha, Rowhani disse que, se eleito, usaria sua experiência como negociador nuclear chefe do Irã até 2005 para desemperrar o dossiê atômico e romper o isolamento econômico que dificulta a vida da população. Conjugando promessas de melhoria econômica e maiores liberdades individuais, inclusive para mulheres, Rowhani arrancou o apoio dos principais líderes da oposição, inclusive reformistas.
Segundo o ministro iraniano do Interior, Mostafa Mohammad-Najjar, que anunciou o resultado, o comparecimento à eleição foi alto: 72% dos mais de 50 milhões de eleitores com direito a voto. Os simpatizantes de Rowhani em todos os meios, de religiosos a seculares de classe média, são tidos como os responsáveis pelo elevado comparecimento às urnas.
Reações
O governo americano foi um dos primeiros a se pronunciar sobre a vitória do candidato moderado. "É nossa esperança que o governo iraniano acate a vontade do povo e faça escolhas responsáveis; que criem um futuro melhor para todos os iranianos", disse a Casa Branca.
Israel, no entanto, afirmou, em nota, que é o "líder supremo, e não o presidente iraniano" quem decide a política nuclear do país. O segundo colocado foi o conservador prefeito de Teerã, Mohamad Qalibaf, com 16,5%, seguido pelo negociador nuclear Said Jalili e por Mohsen Rezaee, ex-chefe da Guarda Revolucionária, força de elite do regime.
Para Mohamad Masih, um militante de Qalibaf, eles perderam um jogo que eles poderiam ter vencido "por causa do mau comportamento dos outros conservadores durante os debates".