Romano Prodi conquistou um voto de confiança no Senado italiano, na quarta-feira, o que autorizou sua permanência no cargo de primeiro-ministro.

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Mas uma pesquisa de opinião divulgada no mesmo dia indicou que o dirigente continuaria a ter problemas para manter-se no poder.

Prodi renunciou depois de apenas nove meses de mandato, na semana passada, quando alguns membros de sua coalizão esquerdista, que reúne desde católicos até comunistas, votaram no Senado contra a política externa do governo.

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O dirigente recebeu uma segunda chance do presidente italiano, Giorgio Napolitano, depois de ter obtido apoio de seus aliados, apelando para o temor deles de que a queda prematura do atual governo acabaria abrindo caminho para o ex-premiê Silvio Berlusconi regressar ao poder.

A fim de continuar no cargo, Prodi precisava mostrar que conseguiria apoio suficiente no Senado, onde seu bloco conta com uma maioria apertada.

A moção de confiança foi aprovada por 162 votos contra 157. Um ponto importante do resultado, capaz de ajudar Prodi a rebater eventuais protestos da oposição, é o fato de que teria obtido a maioria dos votos mesmo sem o apoio de quatro senadores vitalícios que ficaram ao lado dele.

``Somos auto-suficientes em todos os sentidos da palavra, ou seja, mesmo sem o apoio dos senadores vitalícios'', disse, após o anúncio do resultado. ``Estou muito satisfeito.''

Prodi, que no ano passado venceu a eleição nacional mais disputada do pós-guerra italiano, enfrenta agora um teste muito mais tranquilo na Câmara, onde conta com uma maioria folgada.

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No entanto, uma nova pesquisa divulgada na quarta-feira dava-lhe poucas razões para celebrar, sugerindo que apenas quatro de cada dez italianos desejavam a permanência do dirigente de centro-esquerda no poder.

A maior parte dos eleitores preferiria ver um governo técnico no comando do país ou a realização de eleições antecipadas, mostrou a pesquisa divulgada pelo jornal Corriere della Sera.

Dos entrevistados, 39 por cento disseram que Prodi duraria apenas alguns meses no poder enquanto 22 por cento estimavam que a permanência dele no cargo seria de um a dois anos - bastante menor do que os cinco anos de mandato previstos.

``Ninguém quer ser desmancha-prazeres, mas, infelizmente, a pergunta que todos os italianos se fazem continua sendo a mesma, e essa é uma pergunta bastante simples: quando, e devido a qual motivo, o governo Prodi cairá novamente?'', escreveu, em um editorial, o diário La Stampa.

Instabilidade crônica

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A lei eleitoral da Itália favorece a formação de pequenos partidos e de coalizões fraturadas como é o caso da aliança que dá apoio a Prodi. Esse sistema, dentro do qual é difícil organizar blocos majoritários coesos, é considerado o principal culpado pela instabilidade política que deu à Itália 61 governos desde a Segunda Guerra Mundial.

Antes da votação no Senado, Prodi prometeu realizar uma reforma eleitoral se fosse confirmado no cargo.

Desde que subiu ao poder, em maio passado, o dirigente recorreu por várias vezes a votações de ``tudo ou nada'' - e venceu. Desta vez, a inesperada renúncia dele tornou mais reais as chances de que Berlusconi, um magnata do setor de comunicações, regressasse ao poder.

Esse fator ajudou-o a reconquistar o apoio de parlamentares hesitantes, entre os quais um ex-vice-primeiro-ministro do governo Berlusconi, que ficaram ao lado dele no Senado, colocando um ponto final na mais recente crise política.

No entanto, agências de avaliação de risco temem que a convulsão tenha deixado a Itália em uma situação desfavorável para aproveitar-se do atual crescimento econômico e implantar reformas com o intuito de elaborar um Orçamento contendo redução de gastos.

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Analistas alertam que desavenças devem ressurgir em breve dentro do governo, que está dividido a respeito de várias questões, entre as quais a presença militar da Itália no Afeganistão, os direitos dos homossexuais e a reforma da previdência.