Vídeo| Foto: Reprodução/TV Globo
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O presidente russo Vladimir Putin afirmou ser "o único verdadeiro democrata no mundo" e disse com ironia que "não tem mais com quem conversar desde a morte de Mahatma Gandhi".

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"Sou um verdadeiro democrata? Certamente, sou um verdadeiro e absoluto democrata", declarou em uma entrevista publicada nesta segunda-feira (4) em oito jornais de países do G8, incluindo o russo Kommersant, antes da reunião de cúpula deste grupo que acontecerá em Heiligendamm (Alemanha) de 6 a 8 de junho.

"A tragédia é que sou o único verdadeiro democrata do mundo. Vejam o que acontece na América do Norte. É horroroso: torturas, indigentes, Guantánamo, a detenção sem processo e sem investigação", comentou.

"Vejam o que acontece na Europa: violências contra os manifestantes, o uso de balas de borracha, gás lacrimogêneo em uma capital, a morte de um manifestante em outra", acrescentou, em referência à manifestações contrárias ao G8 na Alemanha e à morte de um russo em um protesto em Tallinn (Estônia) contra a transferência de um monumento soviético.

"Nem sequer me refiro ao espaço pós-soviético. Houve esperanças com os jovens na Ucrânia, porém, se desacreditaram completamente e se orientam para a tirania", afirmou ironicamente o chefe de Estado do Kremlin, que sempre criticou a Revolução Laranja de 2004 em Kiev.

"Desde que Mahatma Gandhi morreu, não tenho ninguém com quem conversar", concluiu. A Rússia é criticada pela violência policial durante as manifestações da oposição, as intimidações e o cerco aos militantes dos direitos humanos e opositores, assim como pela crescente concentração de poder do Kremlin.

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O ex-campeão mundial de xadrez, Gary Kasparov, que é um dos líderes da oposição a Putin na Rússia, já foi detido mais de uma vez por manifestar-se publicamente contra o governo federal.

O ex-chanceler alemão Gerhard Schroeder provocou polêmica ao qualificar Vladimir Putin, com quem mantinha relações amistosas, de democrata "de linhagem pura".

Mísseis para a Europa

O presidente russo advertiu que a Rússia pode apontar seus mísseis para a Europa caso os Estados Unidos continuem com seus planos de postar na parte oriental do continente elementos de seu escudo antimísseis.

"Se parte do potencial nuclear estratégico dos EUA está na Europa e, segundo nossos especialistas, representa uma ameaça, teremos de adotar medidas de resposta", afirmou Putin, em declarações a correspondentes estrangeiros em Moscou publicadas pela agência "Interfax".

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"Quais medidas? Certamente têm de aparecer novos alvos na Europa", afirmou. "A Rússia se exime de qualquer responsabilidade pelas medidas de resposta adotadas, já que nós não somos os iniciadores da, sem sombra de dúvidas, incipiente corrida de armamento na Europa", completou.

"A fim de reinstaurar o equilíbrio estratégico no mundo teremos de criar um sistema para superar esse escudo antimísseis, e isso é o que estamos fazendo agora", assegurou.

O chefe do Kremlin informou que a Rússia "está aperfeiçoando seu sistema estratégico de armas nucleares", como pôde ser visto no lançamento na semana passada de um novo míssil intercontinental capaz de transportar várias cargas nucleares.

"Não queremos nenhum confronto. Mas em caso de posicionamento de um escudo antimísseis na Europa advertimos que haverá resposta. Precisamos garantir nossa segurança", disse.