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Especialistas analisam destroços do avião da Malaysia Airlines nesta terça-feira | REUTERS/Maxim Zmeyev
Especialistas analisam destroços do avião da Malaysia Airlines nesta terça-feira| Foto: REUTERS/Maxim Zmeyev

Dois acidentes grandes em um período curto de tempo pareciam matematicamente improváveis, até a Malaysia Airlines perder duas aeronaves cheias de passageiros em março deste ano (voo MH370) e na semana passada (MH17).

No Twitter, muitos disseram que nunca, nunca mais vão voar com a companhia malaia – e esse comportamento é relativamente comum, segundo pesquisas do setor.

O estatístico Nate Silver, do livro O Sinal e o Ruído, decidiu analisar em que medida é racional a reação de evitar uma companhia aérea por causa de um acidente grave. O texto saiu na página dele na internet, a FiveThirtyEight.

Silver começa usando dados dos últimos 30 anos (entre 1985 e 2014), compilados pela Aviation Safety Network (ASN). Ele separa em dois períodos de 15 anos para avaliar se companhias aéreas com um mau desempenho no primeiro grupo continuaram ruins no segundo. E a resposta é, a princípio, não.

A princípio porque Silver busca outros dados para encontrar respostas mais satisfatórias e porque apenas três companhias com históricos ruins permaneceram assim ao longo das três décadas: Pakistan International Airlines, Ethiopian Airlines e a russa Aeroflot, um padrão que não se observa em todas as outras envolvidas em acidentes graves ou não.

Terremotos

Numa das sacadas do estatístico americano, ele compara pequenos acidentes do setor aéreo – que não envolvem mortes – a pequenos abalos sísmicos. Na geologia, esses tremores de intensidade baixa ajudam a prever terremotos violentos.

Analisando os dados da ASN, ele observa um padrão: acidentes pequenos levam, com frequência, a ocorrências mais graves. E cria uma forma de medir esse risco. É o que ele chama de "safety score", ou índice de segurança.

Para achar o safety score, ele subtrai os acidentes de uma companhia da média do setor (calculada a partir dos acidentes ocorridos ao longo dos 30 anos, divididos pelas companhias aéreas listadas). O índice vai de 0,88 (muito segura) a -2,16 (muito insegura).

Ao dar uma olhada no Produto Interno Bruto (PIB) dos países em que estão as empresas com as piores pontuações, Silver chega a uma conclusão: "Se você se esforça para minimizar os riscos de um acidente [de avião], deve evitar as linhas aéreas de países em desenvolvimento".

Mas mesmo essa conclusão é relativizada pelo matemático, dizendo que o setor aéreo é extremamente seguro – a não ser por uma lista de companhias aéreas proibidas pela União Europeia. Tirando essas, "o risco de se envolver em um acidente é muito baixo e esse risco não aumenta depois de um desastre recente". Mesmo na Malaysia Airlines.

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