O suposto mentor dos atentados de 11 de setembro de 2001 disse na sexta-feira (1) a um tribunal militar dos EUA que o ex-motorista de Osama bin Laden não teve participação no ataque, mesmo porque não estava qualificado para isso.
Quem acha que todos os seguidores de Bin Laden estão envolvidos em cada atentado "é tolo e não entende a Al Qaeda", disse Khalid Sheikh Mohammed em declarações por escrito, apresentadas pelos advogados do réu iemenita Salim Hamdan.
Advogados e promotores devem apresentar suas alegações finais na segunda-feira, e em seguida os seis oficiais militares que atuam como réu passam a deliberar sobre o resultado do primeiro julgamento por crimes de guerra nos EUA desde o final da Segunda Guerra Mundial.
Hamdan diz que trabalhava como motorista de Bin Laden no Afeganistão em troca de um salário mensal de 200 dólares, mas nega ter militado na Al Qaeda ou participado de atentados. A promotoria diz que ele foi preso com mísseis dentro do carro, preparando-se para combater soldados dos EUA.
O réu pode ser condenado à prisão perpétua. Ele é o primeiro a ser julgado no polêmico tribunal instalado na base naval de Guantánamo, onde os EUA mantêm suspeitos de terrorismo.
Mas o governo Bush diz que, mesmo que seja absolvido, Hamdan pode ser mantido em Guantánamo como "combatente inimigo ilegal" até o fim das hostilidades na chamada "guerra ao terrorismo".
Sheikh Mohammed, principal dirigente da Al Qaeda sob custódia dos EUA, também está em Guantánamo. Respondendo às perguntas dos advogados, ele declarou que Hamdan "não era um soldado, era um motorista", e o descreveu como uma "pessoa mais primitiva", que "só estava atrás de prazer e dinheiro na vida".
"Ele não estava capacitado para planejar ou executar. Estava capacitado para trocar pneus, trocar filtros de óleo, lavar carros e amarrar cargas em picapes", diz Mohammed, que se intitula "o diretor-executivo do 11/9".
Mohammed disse que esse e outros atentados prévios da Al Qaeda deram certo justamente porque não chegavam aos ouvidos de outros militantes ou de "empregados civis" de Bin Laden, como cozinheiros, tradutores e técnicos de computação.
"Não é lógico que qualquer um que tenha conhecido [Osama bin Laden], visitado ou se associado à Al Qaeda seja um terrorista treinado para matar pessoas, como a sua mídia malvada coloca."