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Rússia

Voienkor: quem são os influencers apoiados pelo Kremlin que se tornaram os grandes propagandistas de Putin

Crescimento
Veículos russos tentam tirar minas em siderúrgica de Mariupol, na Ucrânia. (Foto: Alessandro Guerra/EFE/EPA)

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Em meio à invasão ao país vizinho, influenciadores russos conquistaram novos seguidores ao publicar informações sobre o front. Alinhados com o Kremlin, os voienkor - correspondentes de guerra - reforçam o discurso do presidente e contribuem para a propaganda interna russa contra a Ucrânia. Eles mantêm a audiência com imagens chocantes e uma linha editorial pró-guerra.

Nos grupos do Telegram, os “blogueiros de guerra” mostram em tempo real algumas operações de soldados russos e usam uma linguagem descontraída. Apesar de fazerem críticas à estratégia militar, não deixam de sustentar a tese de Putin de que a invasão se justifica para combater o “nazismo” na Ucrânia.

O blogueiro Semion Pegov, de 37 anos, é uma figura importante entre os voienkor e a influência dele tem crescido constantemente desde o início do conflito na Ucrânia. Em poucos meses, o canal no Telegram de Pegov, "The WarGonzo Project", passou de 200 mil para 1,3 milhão de assinantes.

Em outubro passado, Semion Pegov feriu uma das pernas durante a explosão de uma mina no Donbass, no extremo leste da Ucrânia. Dois meses depois, ele recebeu do presidente do país a Ordem da Coragem. Na semana passada, o primeiro-ministro Mikhail Michoustin entregou a Pegov um prêmio do governo de 1 milhão de rublos (mais de R$ 77 mil), assim como outros correspondentes de guerra.

Além de publicar fotos e vídeos do que ele vivência ao lado dos combatentes, Pegov interage com os leitores tanto pelo Telegram quanto pelo Twitter, onde ele chegou a pedir apoio para tratar a perna.

“Subcultura” 

“Não dá para chamar isso de jornalismo.  É uma subcultura de blogueiros que sabem mais ou menos sobre assuntos militares e que vão para o front gravar vídeos”, comenta Alexander Tchernykh, jornalista do jornal russo Kommersant, atualmente no Donbass.

“Apesar de totalmente tendenciosos, todos os blogueiros chegaram à conclusão de que o exército e a gestão do país estão longe do ideal e ficaram tentados a dizer como vão as coisas e a propor soluções”, destaca o repórter do Kommersant.

Mesmo que os influenciadores tenham opinado nas redes sociais, muitas vezes criticando as movimentações russas, "surpreendentemente, enquanto o Kremlin aumentou a repressão à oposição e à censura, Vladimir Putin defendeu os blogueiros militares contra ataques do Ministério da Defesa e protegeu a independência deles", observa o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) com sede nos Estados Unidos, em uma nota publicada em novembro do ano passado.

Antes disso, em junho, o presidente conversou com dois blogueiros, Alexander Sladkov e Evgueni Poddubni, que revelaram ao mandatário russo o que acompanharam na linha de frente. Um outro influenciador, Alexander Kots, foi nomeado por Putin em novembro passado para o Conselho Russo de Direitos Humanos, uma organização fortemente dependente do poder. Essa relação estreita entre os blogueiros e o presidente demonstram que Putin aproveita as informações dos influenciadores digitais para conhecer melhor as dificuldades do front.

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