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Espaço

Volta à Terra

John Glenn na cápsula Friendship 7 em 20 de fevereiro de 1962 | Nasa
John Glenn na cápsula Friendship 7 em 20 de fevereiro de 1962 (Foto: Nasa)
John Glenn, o primeiro norte-americano a orbitar a Terra |

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John Glenn, o primeiro norte-americano a orbitar a Terra

John Glenn desfila ao lado do presidente John F. Kennedy (à esquerda) |

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John Glenn desfila ao lado do presidente John F. Kennedy (à esquerda)

No inverno de 1962, a nação precisava de um herói.

Os americanos ain­­da não haviam se recuperado do impacto do lançamento da primeira es­­paçonave da União Soviéti­­ca, a Sputnik, em outubro de 1957 – um duro golpe à nossa confiança como líderes mundiais em tecnologia. A corrida espacial havia começado.

Logo após assumir o cargo em 1961, o presidente John F. Ken­­nedy havia lançado o desafio de enviar homens à Lua até o final da década. Mas os russos, confiantes, ainda davam as cartas. Eles lançaram um cão em órbita, depois o primeiro homem, Yuri A. Gagarin, e outro, Gherman S. Titov.

Os Estados Unidos ficaram para trás, conseguindo apenas dois voos suborbitais de 15 mi­­nutos – apenas 5 minutos por vez de gravidade zero. Então, em 20 de fevereiro de 1962 – data que irá completar 50 anos segunda-feira que vem – um piloto dos fuzileiros navais de uma cidade pequena da América deu um passo em frente em resposta à necessidade da nação. O astronauta era John Glenn, que o autor Tom Wolfe chamou de "o último verdadeiro herói nacional que a América teve".

Apertado na cabine de pilotagem de uma espaçonave do programa espacial Mercury chamada Friendship 7, lançada por um foguete Atlas no Cabo Canaveral, Flórida, Glenn deu três voltas em torno da Terra, se tornando o primeiro americano a orbitar o planeta. Talvez nenhuma outra viagem espacial – com todas as suas 4 horas, 55 minutos e 23 segundos de voo – tenha sido acompanhada por uma apreensão tão paralisante.

Glenn viu o sol nascer e se pôr três vezes naquela terça-feira, de uma altitude máxima de 260 quilômetros. A cada nascer do sol, uma explosão do que parecia ser vagalumes aparecia do lado de fora da janela e o mistificava. Depois veio um sinal de um su­­posto problema que fez com que os controladores se preparassem para uma reentrada na atmosfera possivelmente catastrófica.

A história teve um final feliz. Por todo o país um suspiro de alívio coletivo foi ouvido. O presidente correu ao Cabo Canaveral para saudar o herói que retornava. Fanfarras tocaram. Confetes foram jogados de janelas elevadas na Broadway. Pessoas choraram. Não importava que um cos­­monauta soviético já havia passado 25 horas em órbita. Co­­mo escreveu Wolfe, "John Glenn ha­­via nos unificado novamente!"

Agora, com 90 anos, em duas longas entrevistas, Glenn foi lembrado de que o autor do livro The Right Stuff ("A Coisa Cer­­ta", em tradução livre, adaptado para o cinema em 1983 com o título, em português, "Os Elei­­tos – Onde o Futuro Começa") o julgava o último verdadeiro herói da nação. Sua resposta foi tímida, mais ou menos como um "poxa".

"Eu não penso assim sobre mim mesmo", disse Glenn. "Eu me levanto todos os dias e tenho os mesmos problemas que as outras pessoas com a minha idade. Quanto à analise de toda a atenção que recebi, eu prefiro deixar isso para os outros".

De sua parte, Wolfe manteve sua caracterização, dizendo que um herói nacional era alguém visto como um "grande protetor" do povo. "Ele não era um protetor de verdade, mas é isso o que as pessoas sentiam e pensavam", disse ele de Glenn numa entrevista semana passada. "Ele as fez chorar, e isso faz dele um herói".

Tradução: Adriano Scandolara.

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