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Novas regras criaram obstáculos aos partidos

Moscou – As votações deste ano na Rússia serão realizadas sob regras que levantaram obstáculos aos partidos ao longo de todo o processo eleitoral e reduziram as escolhas dos eleitores.

Todas as cadeiras parlamentares serão preenchidas pelo voto em listas partidárias, o que significa que os russos não poderão escolher candidatos específicos. E a votação mínima para que um partido ganhe cadeiras passou de 5% para 7%.

Para entrar nas disputas regionais, os partidos tiveram de pagar uma custosa taxa de registro ou apresentar milhares de assinaturas em cada província, o que submeteu potenciais desafiantes aos caprichos de autoridades muitas vezes intimamente ligadas ao Rússia Unida, partido que reúne aliados ao governo.

O SPS foi barrado na disputa em quatro regiões. Numa delas, o partido não fez o pagamento a tempo porque o número de conta bancária informado estava errado.

Em São Petersburgo, o partido liberal Yabloko foi barrado pelas autoridades eleitorais, que declararam inválidas muitas das assinaturas recolhidas pela agremiação.

Moscou – As eleições regionais de hoje na Rússia, de São Petersburgo à Sibéria, são o tiro de largada para o que promete ser um ano de votações coreografadas, produtos de uma persistente campanha do Kremlin para controlar o processo político e garantir uma sucessão tranqüila quando o presidente Vladimir Putin se retirar.

Impedido pela Constituição de buscar um terceiro mandato consecutivo em março de 2008, Putin oferece fortes indícios de que escolherá um sucessor e continuará a exercer influência – uma perspectiva lucrativa num país rico em recursos energéticos onde a política e os negócios são intimamente ligados.

Com tanta coisa em jogo, Putin evidentemente não quer deixar muita margem para o acaso: o sistema em vigor para as votações regionais – e para a eleição parlamentar nacional de dezembro – foi elaborado pelo Kremlin durante anos de esforços que, segundo seus críticos, sufocaram o pluralismo e rebaixaram a democracia.

Nas eleições, dois grandes partidos disputam cadeiras em 14 assembléias regionais. Um punhado de grupos menores completa a cédula eleitoral.

Pode parecer um exercício normal de democracia, mas os ingredientes principais são: leis eleitorais restritivas que, segundo Putin, tornaram-se necessárias depois dos ataques terroristas de 2003; um rígido controle governamental da televisão; armadilhas burocráticas para atrapalhar oponentes; e a criação de um partido político destinado a ampliar a base de apoio do Kremlin e equilibrar forças na elite potencialmente indisposta.

O Rússia Justa, partido criado no ano passado por meio de uma fusão, está no centro da estratégia do Kremlin para controlar o sistema político. O grupo é liderado pelo presidente da Câmara Alta do Parlamento, Sergei Mironov, que demonstrou lealdade a Putin em 2004 concorrendo contra ele no que chamou de gesto de apoio.

A iniciativa foi vista como uma manobra para dar aparência de competição à vitória certa de Putin.

Analistas dizem que o objetivo é ajudar a garantir a autoridade e a estabilidade do sucessor escolhido por Putin: o Rússia Justa oferece uma base de apoio alternativa para o presidente além do Rússia Unida – que, apesar de dominar o Parlamento, é muito menos popular que o próprio chefe de Estado.

Embora haja sinais de competição genuína entre o Rússia Justa e o Rússia Unida na campanha regional, analistas sublinham que a principal ideologia dos dois grupos é o apoio a Putin.

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