Nominalmente, hoje os eleitores nos Estados Unidos estão dando seu voto a Barack Obama ou a John McCain. Mas, de acordo com a Constituição norte-americana, ao depositar a cédula nas urnas o cidadão na verdade estará apenas orientando o voto do seu estado no colégio eleitoral. As eleições de verdade são feitas por esse colégio, que representa todos os estados, em uma reunião que vai acontecer apenas dia 15 de dezembro. Nesse dia, baseados na votação popular, os delegados de cada estado efetivamente decidirão quem é o presidente.
No entanto, de uma forma prática desde que não haja confusão na contagem de votos populares , o nome do sucessor de George W. Bush será conhecido antes da votação de dezembro, porque normalmente o controverso colégio eleitoral apenas confirma o voto popular de cada estado.
Além dessa regra, o sistema eleitoral norte-americano tem mais detalhes que o deixam bastante complicado. Um deles é a orientação de "the winner takes all" (o vencedor leva tudo), pela qual não há divisão proporcional de votos e apenas um partido pode vencer no estado. Assim, o candidato que vence em nível estatal obtém todos os delegados do território. Os estados do Maine e Nebraska são as únicas exceções à regra, porque prevêem proporcionalidade de votos entre os delegados.
A outra regra é que cada estado tem um peso diferente na contagem geral de votos. Esse peso é definido pelo número de legisladores (senadores e deputados) existentes no congresso, que por sua vez é proporcional ao número de distritos (cidades) de cada estado, e que por sua vez é proporcional à população. Falando de forma simplista, quanto mais habitantes, mais votos terá determinado estado.
Dessa forma, os estados com menor população têm apenas três votos no colégio eleitoral. É o caso Wyoming, Vermont, Dakota do Norte e Dakota do Sul, por exemplo. Já na outra ponta há os estados com enorme concentração demográfica, como a Califórnia, que tem o colégio com maior número de votos (55). Em segundo lugar vem o Texas, com 34 votos.
Na corrida para a presidência, o candidato precisa conquistar estado por estado até somar a maioria dos 538 votos do colégio eleitoral nacional. Ou seja, 270 votos consagram o novo presidente. É por isso que a cada final de campanha há uma corrida eleitoral nos estados onde a disputa está acirrada, chamados "swing states" (estados-pêndulo) ou "battlestates" (estados de batalha). Especialmente nos estados mais populosos, os candidatos buscam arrebanhar eleitores a fim de conquistar todos os votos de delegados pertencentes àquele território.
Resultados distintos
Com esse complexo sistema, é possível ser eleito presidente sem ter sido o candidato mais votado pela população. Foi isso o que ocorreu em 2000, quando o democrata Al Gore ganhou mais votos populares, no entanto a disputa acirrada e polêmica no estado da Flórida acabou dando a vantagem ao republicano George W. Bush. Com os 27 votos do colégio eleitoral na Flórida, Bush conquistou 271 votos no total e subiu à Casa Branca. Esse tipo de resultado aconteceu outras três vezes na história eleitoral americana, quando se elegeram Quincy Adams (1824), Rutherford Hayes (1876) e Benjamin Harrison (1888).
Origens na constituição
O Colégio Eleitoral foi criado pelos treze estados originais formuladores da Constituição, em 1787, como um acordo para o processo de eleição. Enquanto alguns políticos não mostravam muito entusiasmo em confiar ao povo a eleição para presidente, outros também se recusavam a delegar essa responsabilidade exclusivamente ao Congresso. Respeitando o tamanho populacional de cada estado, chegaram a um acordo de respeitar um sistema onde os votantes elegessem seus delegados, que então votam nos candidatos.