A discussão sobre o resultado da eleição presidencial iraniana vencida por Mahmoud Ahmadinejad em junho de 2009 não foi, ao contrário do que sugeriu o governo brasileiro na época, apenas uma disputa entre governo e oposição. Até entre os conservadores iranianos, mais próximos do clero, houve divergência sobre a repressão à "Revolução Verde" promovida por estudantes nas ruas de Teerã.
Em uma reunião sobre o tema, Ahmadinejad teria sido agredido pelo chefe da Guarda Revolucionária, Mohammed Ali Jafari, que ficou indignado com a instabilidade política no país. As informações constam em documentos diplomáticos dos Estados Unidos revelados pelo WikiLeaks ao longo dos últimos 32 dias.
Membro da ala mais conservadora do governo - à qual o presidente também pertence -, Jafari teria reclamado da "bagunça" após as eleições em uma reunião do Conselho Nacional de Segurança realizada em fevereiro de 2010, sete meses após a eleição presidencial.
No encontro, Ahmadinejad teria argumentado que, para controlar a revolta estudantil, seria necessário aumentar o grau de liberdades individuais e sociais, diminuindo até mesmo o controle sobre a imprensa no país - uma forma de reduzir a pressão oposicionista e da comunidade internacional. Jafari teria reagido com dureza, reprovando a proposta do presidente, segundo fonte anônima do Departamento de Estado norte-americano.
"Você está errado! Foi você quem criou a bagunça e agora está pedindo mais liberdade de imprensa?", teria dito Jafari, desferindo então um tapa no rosto de Ahmadinejad. A bofetada teria interrompido o encontro. Só com a interferência do aiatolá Ahmad Janati, membro do Conselho dos Guardiães, o presidente e Jafari teriam retornado à mesa de debates.
O telegrama, intitulado Aquele que foi esbofeteado, foi redigido por diplomatas norte-americanos em Baku, no Azerbaijão, com informações de um "observador" iraniano.
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