WikiLeaks, Snowden, “Panama papers”: em seis anos, o planeta foi sacudido por revelações surpreendentes obtidas a partir de dados criptografados, segredos do Pentágono, escutas dos serviços americanos e paraísos fiscais. Relembre os casos mais marcantes.
WikiLeaks
Criado em dezembro de 2006 pelo australiano Julian Assange e por uma dúzia de outras pessoas, o site ganhou notoriedade ao publicar, em 5 de abril de 2010, um vídeo gravado a bordo de um helicóptero americano filmando um ataque em Bagdá em 2007, que matou dez civis, incluindo dois funcionários iraquianos da Reuters. Um soldado americano, Bradley Manning - transexual que virou Chelsea Manning - foi preso por ser a fonte do WikiLeaks.
No mesmo ano, o site publicou na internet 77 mil documentos classificados do exército americano sobre a guerra do Afeganistão e cerca de 400 mil relatórios de incidentes sobre a guerra do Iraque, relatando casos de tortura acobertados pelos militares americanos.
Em 28 de novembro teve início uma mega operação do site mundialmente famoso: a divulgação de mais de 250 mil telegramas diplomáticos revelando detalhes da diplomacia americana por cinco grandes meios de comunicação internacionais - New York Times, The Guardian, El Pais, Der Spiegel e Le Monde.
Enquanto isso, Assange, visado por um mandado de prisão internacional sueco por estupro, crime que ele nega, fugiu da Suécia. Sob prisão domiciliar na Grã-Bretanha, temendo a extradição para os Estados Unidos, onde poderia ser condenado à pena de morte, refugiou-se em 19 de junho de 2012 na embaixada do Equador em Londres.
Snowden e a NSA
Edward Snowden, um consultor para a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA), desencadeou uma tempestade global ao fornecer à imprensa dezenas de milhares de documentos mostrando a extensão do programa de vigilância desta organização.
Em 5 de junho de 2013, o jornal britânico The Guardian estourou o caso ao revelar que a NSA havia recolhido milhões de dados telefônicos da operadora americana Verizon após a decisão de um tribunal secreto.
As revelações na imprensa internacional não pararam: intercepções maciças de dados telefônicos (tempo, duração, número chamado) e e-mails, a monitorização de redes sociais, espionagem de grandes empresas estrangeiras e escritórios da União Europeia, escutas telefônicas de líderes estrangeiros (da chanceler alemã Angela Merkel, da presidente do Brasil Dilma Rousseff, do governo mexicano...).
Os aliados dos Estados Unidos expressaram todo o seu descontentamento. O presidente Barack Obama garantiu que os programas em questão eram legais, mas promete mais transparência e uma reforma sobre a vigilância eletrônica.
Acusado nos Estados Unidos de espionagem e roubo de documentos pertencentes ao Estado, Edward Snowden vive refugiado na Rússia desde 2013.
“Panama Papers”
A operação “Panama papers”, que tem revelado desde domingo (3) um vasto sistema de evasão fiscal em escala global, foi coordenada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ).
Esta não é a primeira tentativa do grupo. Entre suas investigações mais sensacionais, destacam-se o Offshore Leaks sobre os paraísos fiscais, o LuxLeaks sobre um acordo entre Luxemburgo e as multinacionais para pagar menos impostos, e ainda o SwissLeaks, sobre o envolvimento da filial suíça do banco britânico HSBC na evasão fiscal de alguns clientes.
O ICIJ, fundado em 1997 e dirigido pelo jornalista australiano Gerard Ryle, reúne 190 jornalistas de mais de 65 países. A organização com sede em Washington é autora de investigações que cobrem áreas como a corrupção, a criminalidade internacional e os paraísos fiscais.