O bilionário americano Elon Musk, que comprou o Twitter (hoje X) em um processo cheio de idas e vindas em 2022| Foto: EFE/EPA/MADE NAGI
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Em 2022, num processo cheio de idas e vindas iniciado em abril e que só foi concluído em outubro, o bilionário americano de origem sul-africana Elon Musk comprou o Twitter, cujo nome posteriormente seria alterado para X. Dois anos depois, uma aura de incerteza paira sobre a situação financeira da rede social.

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Nesta semana, o americano The Wall Street Journal publicou uma reportagem que apontou que os empréstimos somando US$ 13 bilhões que sete bancos, incluindo o Bank of America e o Morgan Stanley, concederam a Musk para ajudar na compra do então Twitter (o valor total do negócio foi de US$ 44 bilhões) foram o pior acordo de financiamento para aquisições corporativas desde a crise financeira de 2008/09, de acordo com um relatório da empresa de dados financeiros PitchBook LCD.

Bancos que emprestam dinheiro para compras de empresas geralmente tentam vender a dívida para outros investidores logo depois, mas os bancos envolvidos na compra do X não conseguiram fazer isso, segundo o WSJ, fazendo com que os empréstimos a Musk permanecessem “pendurados”, jargão para números que ficam “presos” nos balanços de instituições financeiras.

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Dessa forma, alguns desses bancos tiveram que reduzir os valores dos empréstimos em centenas de milhões de dólares para passá-los adiante, apontou a reportagem, o que contribuiu para que caíssem em tabelas de classificação de bancos de investimento.

No banco Barclays, os principais funcionários da equipe de fusões e aquisições tiveram ganhos reduzidos em 40% em 2023 em relação ao ano anterior, devido a vários empréstimos “pendurados”, mas o caso do X foi de longe o pior, segundo fontes do WSJ.

A dificuldade desses bancos de passar os empréstimos adiante, mesmo com Musk pagando juros significativos, decorre da situação financeira nebulosa do X.

Em outubro do ano passado, o The New York Times teve acesso a documentos internos da empresa apontando que ela própria avaliou que seu valor de mercado era de US$ 19 bilhões, menos da metade do que Musk havia pago na compra em 2022.

O bilionário vem denunciando desde o ano passado que um boicote publicitário vem abalando as finanças do X. Em dezembro, ele disse numa postagem que o diretor-executivo da Walt Disney Company, Bob Iger, deveria ser demitido.

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O comentário foi feito depois que a Procuradoria-Geral do estado americano do Novo México protocolou uma ação civil contra a Meta e seu CEO, Mark Zuckerberg, alegando que as redes sociais da empresa são “locais privilegiados para predadores comercializarem pornografia infantil e solicitarem sexo a menores”.

Musk criticou a postura da Disney de manter publicidade nas redes da Meta, mas de ter retirado anúncios do X depois que o bilionário fez um comentário poucas semanas antes endossando uma publicação antissemita – ele depois pediu desculpas.

“Bob Iger acha legal anunciar ao lado de material de exploração infantil. Um cara íntegro”, postou Musk no X.

No final de novembro de 2023, num evento promovido pelo The New York Times, Musk disse para as empresas que estavam retirando anúncios do X para “se f*” e citou Iger: “Ficou claro? Ei, Bob, se você está na plateia, é assim que eu me sinto”, afirmou.

Este mês, o X ingressou com um processo federal no Texas contra a Federação Mundial de Anunciantes (WFA, na sigla em inglês) e empresas associadas, alegando que a federação adotou “comportamento anticompetitivo” e organizou um boicote publicitário que prejudicou a saúde financeira da rede social após a compra desta por Musk.

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Poucos dias depois, a WFA confirmou a interrupção de uma iniciativa lançada em 2019, a Aliança Global pela Mídia Responsável (GARM), que, segundo um relatório de julho do Comitê do Judiciário da Câmara dos Estados Unidos, teria buscado estratégias para bloquear a publicidade a meios de comunicação conservadores dos Estados Unidos, como Fox News, The Daily Wire e Breitbart News, numa ação que, argumentou o colegiado, pode ter configurado quebra de leis antitruste e ameaça à liberdade de expressão nos Estados Unidos.

Stephan Loerke, CEO da WFA, alegou, num e-mail enviado aos membros da federação, que a GARM era uma organização sem fins lucrativos com recursos limitados e alegou que sua defesa no processo movido pelo X vai demonstrar “nossa total adesão às regras de concorrência em todas as nossas atividades”. Por ora, as dúvidas sobre a situação financeira do X permanecem.