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Saúde

Xangai nega relação entre porcos mortos e novo vírus de gripe aviária

O governo de Xangai declarou que não existe relação entre a morte de duas pessoas na cidade por uma nova variante de gripe aviária, o H7N9, e a aparição, no mês passado, de mais de 20 mil corpos de porcos no rio Huangpu, uma de suas principais fontes de água potável.

Segundo a imprensa local destaca nesta terça-feira (2), as autoridades esclareceram que nenhum vírus de gripe aviária foi encontrado nos cadáveres e vísceras retirados do rio desde que o escândalo veio à tona, há quase um mês.

Até agora foram registradas três mortes (as duas de Xangai e outra na próxima província de Anhui) por esse vírus aviário do que não se sabe que tenha afetado humanos anteriormente.

Os três mortos, de 27, 53 e 87 anos, tiveram febre, tosse e foram diagnosticados com pneumonia grave e dificuldades para respirar.

Os dois casos de Xangai tinham um histórico médico de "doenças crônicas", segundo as autoridades de saúde locais, e foi informado, ainda, que o mais jovem era um açougueiro, que se contagiou em seu local de trabalho.

Em Anhui, uma mulher de 35 anos também corre risco de morte após sofrer os mesmos sintomas pelo mesmo vírus em março, embora por enquanto se suspeita que os contágios só se dão diretamente de animais a humanos.

"Por enquanto são três casos isolados sem provas de contágio entre humanos", assegurou o representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) na China, o doutor Michael O'Leary.

"Um novo vírus sempre tende a ser mais forte ao princípio, portanto ou vai se transformar em um vírus humano de verdade, em cujo caso teremos que começar a combatê-lo habitualmente, ou vai continuar sendo um vírus sobretudo animal, com apenas algum caso de contágio humano excepcional", indicou.

Em Xangai, os casos mortais envolvendo o vírus H7N9 coincidiram com o escândalo dos porcos mortos, jogados no rio por criadores de uma região vizinha, e que afetaram um trecho do Huangpu. A cidade, de 24 milhões de habitantes, utiliza mais de 20% da água potável desse rio.

O Centro de Controle e Prevenção de Epidemias Animais de Xangai examinou ontem 34 mostras de vísceras e corpos de porco retirados do rio e não encontrou rastro de nenhum vírus da gripe aviária nele.

Os porcos morreram na província vizinha de Zhejiang, onde não foi registrado por enquanto que haja nenhum tipo de epidemia suína nem aviária, contou o doutor Lu Hongzhou, vice-presidente do Centro de Saúde Pública de Xangai.

"Os vírus da gripe aviária podem mutar e criar novos subtipos, mas não têm relação com uma (possível) epidemia suína ou um circovírus suíno", disse Lu, sobre o vírus, encontrado há três semanas em uma das vísceras recolhidas do Huangpu, que atingiu alguns animais, entre dezenas de milhares.

As autoridades de Xangai iniciaram um dispositivo de acompanhamento de todos os casos de gripe e pneumonia mortais que se registrem.

No dia 8 de março, a imprensa local já informava que em outros dois casos mortais por pneumonia, com tosse e febre alta, havia se descartado que fossem causados por algum vírus ou alguma nova variante de gripe aviária ou do Síndrome Respiratória Aguda Severa (Sars, que em 2003 afetou a China e outros 36 países).

De fato, as autoridades dizem agora que nenhum hospital local detectou casos de Sars nem gripe aviária H5N1 nos pacientes diagnosticados com pneumonias de origem desconhecida na cidade entre 15 de novembro e 31 de março passados, embora não mencionem ter procurado o H7N9, que nunca havia afetado humanos.

O'Leary, da OMS, esclareceu que China também não demorou demais para anunciar os novos casos, já que é preciso tempo para fazer a investigação necessária após a morte das vítimas.

Em 2003, quando, após meses de silêncio, Pequim confirmou o problema da Sars, que contagiou 5.327 pessoas (oito em Xangai) e deixou 349 mortos em todo o país, a informação já circulava de boca em boca entre a população com mensagens de texto e pela internet.

Por outro lado, o vírus H5N1 matou por enquanto mais de 360 pessoas no mundo todo nos últimos 10 anos, enquanto outros subtipos, como o H7N7 e o H9N2, também provocaram casos isolados e inclusive algumas mortes nos últimos anos, segundo a OMS.

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