O dissidente chinês Liu Xiaobo, ganhador Prêmio Nobel da Paz e prisioneiro político no país, dedicou sua conquista às vítimas da repressão militar de 1989 em protestos pró-democracia. Ele foi autorizado a se encontrar com a mulher, Liu Xia, neste domingo (10), a quem revelou chorando que o prêmio "vai primeiro" para aqueles que morreram em 4 de junho de 1989, nos protestos da Praça de Tiananmen, em Pequim.
Em mensagem na rede social Twitter, na internet, a mulher de Xiaobo contou que os carcereiros do marido já o haviam informado sobre a conquista do Nobel no dia anterior.
"Irmãos, voltei", escreveu Liu Xia no Twitter. "Vi Xiaobo, a prisão contou a ele a notícia sobre o prêmio na noite do dia 9." A mensagem foi verificada por um amigo próximo e também dissidente, Wang Jinbo, que escreveu uma outra nota afirmando que Liu Xia lhe contou que não conseguiu chegar à mídia ou aos amigos por causa das forças de segurança que bloquearam sua residência. Wang não quis ser entrevistado.
Meia dúzia de homens fechou a entrada do apartamento de Liu em Pequim na noite de domingo, afastando os jornalistas. Um grupo dos EUA que serve ao conselho internacional de Liu Xiaobo, o Freedom Now ("Liberdade Já"), deplorou a detenção de Liu Xia em sua própria casa.
Liu Xia tentou encontrar o marido depois do anúncio do Nobel na sexta-feira, mas autoridades se recusaram a autorizá-la antes do domingo. Wang comentou que, durante o encontro com a mulher, quando falou das vítimas de 1989, Liu Xiaobo "estava em lágrimas".
Prisão
O dissidente chinês cumpre o segundo ano de uma sentença de 11 anos de prisão. Antes da confirmação de sua mulher, não se sabia ao certo se ele tinha a notícia de que havia conquistado o Nobel da Paz. Liu Xia não deu mais detalhes acerca do encontro.
A mulher de Xiaobo declarou que pretende ir à Noruega buscar a medalha do Nobel do marido e o prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1,5 milhão), caso ele não possa comparecer.
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