Os principais grupos xiitas no Iraque formaram uma nova aliança que exclui o primeiro-ministro Nouri al-Maliki, segundo informações de deputados. A manobra amplia o temor sobre a influência do vizinho Irã meses antes das eleições parlamentares marcadas para janeiro. A nova coalizão incluirá o maior partido xiita, o Conselho Supremo Islâmico, apoiado por Teerã, e o bloco do clérigo anti-Estados Unidos Muqtada al-Sadr. Com isso, o governo do Irã pode ter mais influência no Iraque, em um momento em que os soldados norte-americanos começam a se retirar do país.
O Partido Dawa, de Maliki, foi excluído da coalizão por desacordos sobre quem encabeçaria a aliança, afirmou Reda Jawad Taqi, membro do Conselho Supremo. Durante uma reunião de último momento, realizada no domingo (23), não houve acordo para atrair o Dawa para a coalizão, disse Taqi. Apesar disso, o ex-primeiro-ministro Ibrahim al-Jaafari afirmou que as portas estão abertas para o retorno do partido.
A nova coalizão representa outra batalha perdida por Maliki, cujos esforços para reforçar a segurança se viram empanados por uma série de bombas em Bagdá e no norte iraquiano nas últimas semanas. Os atentados mais recentes, na quarta-feira, tiveram como alvo os Ministérios das Finanças e de Relações Exteriores e deixaram cerca de cem mortos e 500 feridos.
A onda de violência provocou novas dúvidas sobre a capacidade de as forças locais protegerem seus cidadãos, quase dois meses após a maioria dos soldados norte-americanos deixar as zonas urbanas. Segundo um cronograma dos dois países, o último soldado dos Estados Unidos deve deixar o Iraque antes do fim de 2011.
A coalizão anunciada representa uma mudança importante para a política xiita do país, normalmente dominada pelo Conselho Supremo e pelo partido de Maliki. Caso a nova coalizão se imponha, os partidos religiosos xiitas podem se converter na nova força dominante na política local. Essas siglas têm como rival a minoria muçulmana sunita, afastada do poder desde a queda de Saddam Hussein, em 2003.