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A China está forçando alguns residentes da província de Xinjiang a tomar remédios da Medicina Tradicional Chinesa para tratar o coronavírus, embora os medicamentos não sejam cientificamente comprovados como eficazes contra a doença, informou a Associated Press na segunda-feira (31).
Xinjiang está em lockdown há 45 dias, adotado após o aparecimento de mais de 800 casos de coronavírus. No entanto, as medidas de bloqueio na província têm sido muito mais draconianas do que em outras partes da China, com alguns residentes sendo forçados a tomar remédios tradicionais, outros trancados dentro de suas casas e colocados em quarentena por mais de 40 dias. O medicamento, que está sendo distribuído em Xinjiang em frascos brancos, é feito de compostos desconhecidos.
As medidas se aplicam aos residentes chineses uigur e han.
"Por que você está nos forçando a beber remédio quando não estamos doentes?!" uma mulher da etnia Han postou em uma rede social em 18 de agosto. "Quem vai assumir a responsabilidade se houver problemas depois de tomar tanto medicamento? Por que não temos o direito de proteger nossa própria saúde?"
Um empresário han disse à AP que está em quarentena desde meados de julho, apesar de ter testado negativo para coronavírus cinco vezes. As autoridades locais não deixaram o homem sair para passear.
"Estou nesta sala há tanto tempo, que não me lembro quanto. Eu só quero esquecer", ele escreveu na rede social chinesa Weibo no início deste mês. "Estou escrevendo meus sentimentos para me assegurar de que ainda existo. Temo ser esquecido pelo mundo".
Coronavírus nos campos de "reeducação"
Residentes uigures disseram que são forçados a tomar os medicamentos sob ameaça de prisão e detenção em um dos muitos campos de "reeducação" de Xinjiang. Quanto aos uigures detidos, uma mulher disse à AP que foi colocada em uma cela com dezenas de outros uigures e forçada a ficar nua uma vez por semana enquanto os guardas os lavavam com desinfetante usando uma mangueira. "Era escaldante", disse a mulher. "Minhas mãos estavam destruídas, minha pele estava descascando".
Nos últimos anos, a China deteve mais de um milhão de uigures e outros residentes muçulmanos de Xinjiang nestes campos, onde tentam apagar a identidade religiosa dos detidos e incutir lealdade ao Partido Comunista Chinês. Numerosos relatos de tortura, estupro e outras atrocidades surgiram dos campos de concentração.
A China também implementou a esterilização forçada de milhares de mulheres uigures e, em alguns casos, os médicos foram obrigados a abortar e matar bebês nascidos em famílias que já tinham atingido o limite de filhos permitido pelo governo central.
© 2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.