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Ucrânia

Yanukovich cede à pressão das ruas

Manifestantes mascarados que constroem barricadas e participam dos protestos na Praça da Independência, no centro de Kiev | Thomas Peter/Reuters; Thomas Peter/Reuters; Vasily Fedosenko/Reuters; Thomas Peter/Reuters
Manifestantes mascarados que constroem barricadas e participam dos protestos na Praça da Independência, no centro de Kiev (Foto: Thomas Peter/Reuters; Thomas Peter/Reuters; Vasily Fedosenko/Reuters; Thomas Peter/Reuters)
Mykola Azarov, ex-premiê da Ucrânia |

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Mykola Azarov, ex-premiê da Ucrânia

Pressionado pela onda de protestos que já dura dois meses, o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, fez ontem suas maiores concessões até agora. A pedido dele, o Parlamento votou, em reunião extraordinária, a anulação de nove das doze leis repressivas que, neste mês, haviam levado a confrontos na capital, Kiev. Junto com isso, Yanukovich teve de aceitar o pedido de renúncia do premiê, Mykola Azarov, um aliado fiel.

Entre os textos anulados por 361 dos 412 deputados presentes está aquele que determinava a prisão, por até 15 anos, dos participantes de manifestações pacíficas.

A legislação proibia, ainda, a instalação de barracas em espaços públicos, o bloqueio de prédios estatais, a organização de carreatas e o uso de máscaras nos atos.

Todas essas normas têm sido violadas diariamente no país, já que a Praça da Independência, no centro de Kiev, está tomada por barricadas e protestos há meses.

Segundo a Constituição, a saída do primeiro-ministro significa a dissolução de todo o gabinete.

Anteriormente, o presidente Yanukovich havia oferecido o cargo de primeiro-ministro ao líder opositor Arseni Yatseniuk, como maneira de apaziguar protestos. Yatseniuk recusou a oferta.

Resistência

Na Praça da Indepen­dência, manifestantes vêm afirmando que só deixarão de protestar após a renúncia do próprio Yanukovich.

O político e ex-boxeador Vitali Klitschko, um dos líderes da oposição ucraniana, afirmou que a saída de Azarov "não é a vitória, mas só um passo rumo à vitória".

A crise civil foi iniciada na Ucrânia no último mês de novembro, após Yanukovich desistir de um aguardado processo de aproximação com a União Europeia.

Ele optou, no lugar disso, por reforçar os laços com a Rússia, sob pressão do presidente Vladimir Putin.

Em contrapartida, a Rús­­sia ofereceu um auxílio de US$ 15 bilhões e diminuiu o preço do gás natural vendido a Kiev. Putin disse que a Ucrânia "não precisa de intermediários" e que Moscou "quer ter a certeza de que recuperará seu dinheiro".

Violência

Os protesto pacíficos em torno da Praça da In­­­­de­pendência, no centro de Kiev, tornaram-se ainda mais problemáticos em janeiro, quando foram aprovadas as medidas entendidas como antidemocráticas.

No último dia 22, no primeiro confronto que terminou com vítimas, ao menos três foram mortos. Desde então, a região oeste do país – menos influenciada pela Rússia – tem visto manifestações e a tomada à força de construções públicas.

Quem é quem na crise política da Ucrânia:

Viktor Yanukovich

Presidente da Ucrânia, ligado a setores do leste do país, mantém relação com Moscou.

Vitali Klischko

Ex-boxeador, abandonou o esporte em 2005 para entrar na política; é o opositor mais popular.

Mykola Azarov

Ex-primeiro-ministro, aliado de Yanukovich.

Arseni Yatseniuk

Político pró-europeu e líder do partido Batkivshchyna no Parlamento.

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