O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, pediu uma sessão de emergência do Parlamento para encerrar a crise política, os protestos e a violência, em um sinal de que talvez esteja disposto a rever sua posição e trabalhar para um acordo. A sessão deverá ser na próxima terça-feira.
Yanukovich conversou ontem com líderes da oposição, incluindo o ex-boxeador Vitaly Klitschko, uma das figuras mais influentes entre os manifestantes. Por causa da reunião, uma trégua foi estabelecida entre a polícia e os civis que ocupavam as ruas.
Até o fechamento desta edição, nenhum dos lados se pronunciou oficialmente sobre os resultados da reunião.
Numa amostra da tensão entre governo e oposição, o primeiro-ministro do país, Mykola Azarov, acusou os manifestantes de tentarem dar um golpe de Estado e descartou a possibilidade de antecipação da eleição presidencial para resolver o impasse.
"Todos aqueles que apoiam este golpe deveriam dizer claramente: Sim, nós somos a favor da derrubada das autoridades legítimas da Ucrânia, e não se esconderem atrás de manifestantes pacíficos", declarou Azarov à agência russa de notícias Interfax, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. "Uma tentativa de golpe de Estado está sendo promovida."
De acordo com Azarov, o governo não tinha planos de instituir um estado de emergência: "Nós não vemos a necessidade de medidas duras e extremas no momento. Mas não coloquem o governo diante de um impasse", disse. "As pessoas não deveriam pensar que o governo não dispõe de recursos para acabar com isso. É nosso direito constitucional e também nossa obrigação restaurar a ordem no país."
Os protestos contra Yanukovich começaram em novembro, quando ele desistiu de assinar um acordo de livre comércio com a União Europeia em favor de laços econômicos mais estreitos com a Rússia, que dominava o país na era soviética. A agitação aumentou nas últimas semanas e se tornou violenta no domingo passado.
5 mortos
Segundo a Promotoria ucraniana, quatro manifestantes foram baleados e mortos em confronto com a polícia na quarta. O Ministério do Interior, no entanto, confirma apenas duas dessas mortes. Um quinto opositor morreu ao cair de uma coluna do estádio do Dínamo de Kiev, em meio aos protestos da noite de terça-feira.