O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, se recusou a receber o líder da oposição que foi ao seu gabinete na expectativa de uma negociação, o que reduziu as esperanças de uma solução breve para a crise política que se transformou em confrontos entre manifestantes e policiais nas ruas de Kiev.
O impasse no país, que já dura dois meses, entrou numa nova fase depois de Yanukovich ter aprovado leis contra as manifestações na semana passada, numa tentativa de reprimir os protestos que pedem sua saída. A insurgência popular começou com a recusa do presidente a um acordo com a União Europeia (UE) em favor do estreitamento das relações com a Rússia, que ofereceu um pacote de resgate de US$ 15 bilhões ao país.
Grupo
Numa tentativa de aliviar a crise, o líder da oposição Vitali Klitschko, campeão de boxe na categoria peso-pesado, foi ontem até o gabinete de Yanukovich para uma conversa, mas foi recebido apenas pelos auxiliares do presidente. Esses assistentes são parte de um grupo de trabalho que recebeu ordens de Yanukovich para negociar com a oposição.
O gabinete de Yanukovich disse que o presidente estava numa reunião naquele momento, mas Klitschko ainda tinha esperança de que o líder o receberia mais tarde. "O centro da cidade de Kiev está queimando há dois dias", disse o boxeador. "O presidente está sentado a dois quarteirões e não ouve isso."
Manifestantes resistem à neve e aos policiais
Apesar da forte queda de neve e das temperaturas congelantes, vários milhares de manifestantes permanecem acampados no centro de Kiev, em frente a fileiras de policiais que estão atrás de escudos de metal. Carcaças queimadas de ônibus estão cobertas de gelo, o chão está cheio de pedras e as palavras "não vou desistir sem lutar" são ouvidas no meio da multidão.
Os manifestantes conseguiram manter seu território durante a noite, embora a polícia tenha avançado e desmontado algumas barricadas. Houve confrontos ontem pela manhã, mas clérigos ortodoxos intervieram e pediram aos dois lados que se acalmassem.
Cerca de 1,5 mil ativistas buscaram atendimento após os confrontos, segundo Oleh Musiy, que coordena o grupo de atendimento médico dos manifestantes.
O líder opositor Arseniy Yatseniuk, que havia condenado os protestos violentos, disse que a situação mudou e que agora a briga se justifica.