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Protesto em frente a um centro cultural de Madri onde Zapatero participou do lançamento de um livro do qual foi o organizador, nesta terça-feira (24)
Protesto em frente a um centro cultural de Madri onde Zapatero participou do lançamento de um livro do qual foi o organizador, nesta terça-feira (24)| Foto: EFE/Zipi

O socialista José Luis Rodríguez Zapatero, ex-presidente do governo da Espanha (2004-2011), confirmou nesta terça-feira (24) que intermediou a negociação de Madri com a ditadura da Venezuela para que o oposicionista Edmundo González deixasse o país sul-americano na semana retrasada.

Segundo informações do jornal El Debate, Zapatero deu breves declarações sobre o assunto durante o lançamento de um livro do qual foi o organizador, num centro cultural na capital espanhola.

“Não vou fazer avaliações das posições de uns e outros porque devo preservar essa confiança [entre as partes]. A única maneira é manter essa atitude de discrição, prudência e serenidade”, disse o ex-presidente, que afirmou ter participado da “tarefa de facilitação” da saída de González.

No local, Zapatero foi recebido com vaias por um grupo de venezuelanos e espanhóis, que seguravam cartazes e entoavam gritos com mensagens como “traidor” e “cúmplice [da ditadura chavista]”.

O conservador Partido Popular (PP), de oposição ao atual presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, correligionário de Zapatero, acusou o ex-mandatário e a atual gestão espanhola de terem ajudado a ditadura de Nicolás Maduro a “resolver um problema”.

O PP também acusou o ex-presidente socialista de ter colaborado para uma “coação” para que González deixasse a Venezuela.

González, apontado por grande parte da comunidade internacional e pela oposição da Venezuela como o vencedor da eleição presidencial de 28 de julho, deixou o país rumo ao asilo político na Espanha. Ele tinha contra si um mandado de prisão expedido pela Justiça chavista.

Zapatero tem relações de longa data com a ditadura de Maduro – ele estabeleceu contratos com o regime de Hugo Chávez quando era chefe de governo na Espanha, criticou sanções impostas à Venezuela, intermediou a saída de presos políticos para outros países e referendou processos eleitorais venezuelanos, atuando como observador, embora não tenha feito o mesmo na eleição presidencial de 28 de julho, o que desagradou o chavismo.

Na semana passada, um grupo de opositores da Venezuela exilados na Espanha apresentou uma queixa na Audiência Nacional, tribunal superior do país europeu, contra Zapatero, acusando-o de crimes contra a humanidade e a integridade moral e tortura pela sua associação a Maduro.

Em agosto, o sindicato conservador espanhol Mãos Limpas apresentou uma denúncia no Tribunal Penal Internacional (TPI) contra Zapatero, acusando-o de crimes contra a humanidade devido à sua relação com Maduro e citando supostos negócios do ex-presidente na Venezuela, como a concessão de uma mina de ouro – que ele nega.

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