Tegucigalpa - O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, declarou ontem que se reuniu, pela primeira vez, com um representante do governo liderado por Roberto Micheletti. Depois de se encontrar com o bispo auxiliar de Tegucigalpa, Juan José Pineda, Zelaya afirmou ter se reunido na véspera com um enviado de Micheletti, a quem não quis identificar, e anunciou que pretendia se encontrar à noite com os principais candidatos presidenciais do país: Elvín Santos e Porfirio Lobo.
"Ainda não temos nenhum avanço (nas negociações com o governo interino), mas o fato de termos começado a dialogar já é algo positivo", disse Zelaya.
Micheletti reuniu-se ontem com quatro dos seis candidatos à eleição presidencial num esforço para indicar à comunidade internacional e aos correligionários de Zelaya, que a votação de 29 de novembro não será suspensa nem adiada.
Pouco antes do início da reunião, os quatro candidatos declararam que assumirão o cargo, se forem eleitos, mesmo que a comunidade internacional não reconheça a eleição. "As eleições serão em Honduras e quem elegerá o presidente serão os hondurenhos. A questão é que os hondurenhos estejam satisfeitos com os resultados, não que a comunidade internacional declare legítima ou ilegítima a eleição", afirmou Lobo, candidato do conservador Partido Nacional.
Santos, companheiro de Micheletti no também conservador Partido Liberal, indicou que pretende assumir, se vencer. Mas insistiu em que a comunidade internacional reagiu de forma "intempestiva" ao golpe de junho e mantém a posição firme de exigir o retorno de Zelaya ao poder.
Num esforço para convencer a comunidade internacional sobre a legitimidade da eleição, Micheletti convidou ontem o ex-presidente dos EUA Jimmy Carter a enviar uma delegação do Centro Carter para acompanhar o processo eleitoral. Ontem, a Casa Branca advertiu que o governo Obama não reconhecerá a legitimidade da eleição de novembro caso Micheletti não entregue o poder a Zelaya.
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