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Depredada na segunda-feira pelo Exército, a Rádio Globo de Honduras voltou a funcionar nesta terça-feira, via internet, em ato de desobediência ao governo de facto. Temeroso das sanções e dos riscos de perseguição de órgãos oficiais, o Canal 36 (Cholusat Sur) não buscou meios alternativos para suas transmissões. O prédio da rede de TV está fechado, guardado por um segurança e pelo apresentador do programa Histórias de Hospitais, Richard Casula. Da embaixada do Brasil, de onde continua a fazer pronunciamentos políticos, o presidente deposto Manuel Zelaya, convocou a população a protestar contra o fechamento das emissoras. "Chamo a resistência às ruas para que exijam a liberação dos meios comunicação fechados", declarou Zelaya, ciente de que o estado de sítio, ainda em vigor, impede manifestações públicas.

Fiscais da promotoria pública estiveram nesta terça-feira (29) nas duas emissoras para fazer o inventário dos equipamentos danificados e dos que foram confiscados pelas forças do Exército na segunda-feira, sob o argumento de que suas linhas editoriais incitavam um levante popular para a restituição de Zelaya na presidência.

Os proprietários das emissoras, Alejandro Villatoro, da Rádio Globo, e Esdras Amado López, do Canal 36, disseram à Agência Estado que entraram com ações na Justiça contra o confisco do material e esperam a devolução. Com ou sem sucesso na empreitada, ambos precisarão da autorização do governo de facto para dar continuidade ao trabalho de suas empresas.

Enquanto conduzia um programa no início da tarde de desta terça-feira, Gustavo Blanco, coordenador do noticiário da Rádio Globo, explicou que as transmissões via satélite (www radioglobohonduras.com) somente foram possíveis porque os soldados do Exército deixaram ilesa uma pequena mesa de operação de som. O estúdio mostra os danos causados pela invasão militar - uma porta arrombada. Do lado de fora do prédio, ainda está encostada perto da janela a escada por onde os funcionários escaparam.

Sem anúncios, Villatoro não sabe por quanto tempo poderá manter os 80 funcionários da rádio. "Não temos ajuda externa. A Frente Nacional de Resistência passa muita fome. Como vai nos ajudar?", afirmou. Amado, que emprega 50 pessoas no Canal 36 e na Rádio La Catracha, que funcionam no mesmo prédio, planeja manter os funcionários até dezembro, valendo-se de fundos de emergência de sua empresa, dos anúncios que não foram cancelados e do acesso a linhas de financiamento.

Amigo e aliado político de Zelaya, Amado não pretende buscar meios alternativos e espera a autorização oficial para retomar as atividades, que poderá simplesmente não sair. Conforme insistiu, sua preocupação não está centrada apenas na devolução dos caros equipamentos de rádio e TV que foram confiscados, mas no retorno da liberdade de imprensa a Honduras e nas garantias de que esse princípio será respeitado.

"Esse governo de facto é uma caixa de Pandora. Não se sabe o que pode acontecer", afirmou. "Não vou montar uma rádio clandestina. Prefiro esperar que as coisas voltem ao normal. Temos de seguir a lei e mostrar que, quem a descumpre, não somos nós", completou.

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