Presidente deposto de Honduras Manuel Zelaya participou de conferência na Universidade George Washington: referência às 1.500 prisões arbitrárias ocorridas no seu país| Foto: Jason Reed / Reuters

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, criticou nesta quarta-feira (2) o governo norte-americano por silenciar em relação a abusos contra os direitos humanos em seu país e por demorar em reagir ao golpe de Estado ocorrido há mais de dois meses.

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Zelaya se reunirá na quinta-feira com a secretária de Estado Hillary Clinton, a quem caberá a decisão de qualificar ou não formalmente o que ocorreu como um "golpe militar", o que implicaria na suspensão da ajuda ao governo interino de Honduras.

O governo Obama condenou a deposição de Zelaya, mas sem definir o fato oficialmente como um golpe. Zelaya pede que Washington adote sanções mais duras contra o governo golpista."O Departamento de Estado ainda não se pronuncia sobre a violação dos direitos humanos em Honduras", disse Zelaya em conferência na Universidade George Washington, referindo-se a 1.500 prisões arbitrárias ocorridas no seu país, à morte de dois manifestantes e ao fechamento de meios de comunicação contrários ao golpe.

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"Esperamos nas próximas horas declarações contundentes e evidentes", disse Zelaya, acrescentando que o governo Obama foi "debilitando" sua posição inicial de apoio à restituição do governo legitimamente eleito de Honduras, conforme proposta apresentada pelo mediador internacional, Oscar Arias, presidente da Costa Rica.

O porta-voz do Departamento de Estado Ian Kelly disse a jornalistas na quarta-feira à tarde que Hillary Clinton ainda não decidiu sobre a determinação de golpe militar no caso de Honduras.

Zelaya afirmou que 90 por cento dos países das Américas já alertaram que não reconhecerão o resultado da eleição hondurenha de novembro se antes disso ele não for restituído na presidência. Os EUA ainda não se manifestaram sobre esse tema.

O presidente deposto se reuniu reservadamente na terça-feira com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, e com embaixadores de países das Américas junto a esse organismo, para discutir a necessidade de declarar as eleições e o seu eventual vencedor como ilegítimos.

Enquanto a Unasul (bloco de países sul-americanos) já adotou a posição defendida por ele, algumas nações caribenhas opinam que a realização das eleições em 29 de novembro representaria uma saída para a crise hondurenha, segundo uma fonte ligada à OEA.

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Zelaya pediu aos hondurenhos que boicotem o processo eleitoral enquanto ele não for restituído no poder.