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O acordo para encerrar o impasse de mais de quatro meses em Honduras "fracassou", afirmou o presidente deposto Manuel Zelaya nesta sexta-feira, em entrevista à Rádio Globo, uma emissora local. "Falando na prática, nós decidimos não continuar com esse teatro do sr. Micheletti", disse Zelaya.

"A comunidade internacional deverá ver que medidas tomar com o fracasso do acordo", disse ele. No fim da quinta-feira, o presidente de fato, Roberto Micheletti, anunciou a formação de um governo sem a participação do líder deposto.

Em Washington, o Departamento de Estado do governo dos Estados Unidos se disse "decepcionado" com a interrupção do processo. "Ficamos particularmente decepcionados com as declarações unilaterais feitas ontem à noite por ambas as partes, as quais não ajudam a impulsionar o espírito do acordo Tegucigalpa-San José", disse o comunicado do Departamento de Estado publicado nesta sexta-feira.

Zelaya passou esta sexta-feira na Embaixada do Brasil, onde está abrigado, em reuniões com partidários. Não está claro qual será o próximo passo do presidente deposto.

Zelaya havia anteriormente se recusado a apontar nomes para ministros de um futuro governo de unidade. Também na quinta-feira, ele disse ser preciso antes disso "reverter o golpe" que o derrubou em 28 de junho. Já o governo de facto afirma que esperava uma lista de dez nomes de futuros ministros, conforme previsto no acordo, não enviada por Zelaya.

Micheletti anunciou um novo governo às 23h50 (hora local). Ele disse que as portas estavam abertas para que ministros de Zelaya se unissem à iniciativa.

"Todo mundo, com exceção do sr. Zelaya, recomendou hondurenhos para liderar as instituições do nosso país como parte do novo governo", disse Micheletti. Segundo ele, o governo de unidade "é representativo de um amplo espectro ideológico e político no nosso país e cumpre estritamente com o acordo" firmado na semana passada.

Zelaya foi expulso do país após o golpe, mas retornou em segredo e desde 21 de setembro está abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Em 30 de outubro, negociadores dos dois lados firmaram um pacto. O texto prevê que o Congresso decida sobre a volta ou não de Zelaya, mas não estabelece data para isso. Além disso, os deputados antes receberão informes de algumas instituições, entre elas a Corte Suprema, para então tomar a decisão.

"O acordo fracassou por causa de Micheletti...e porque o Congresso Nacional não se reuniu" para decidir sobre a volta de Zelaya, afirmou um assessor do líder deposto, José Arturio Reina. O ex-presidente chileno Ricardo Lagos, parte de uma comissão de quatro membros que monitora a implementação do acordo, disse que Micheletti fez uma oferta de deixar a presidência, assim que o governo de unidade fosse estabelecido.

O prolongamento do impasse ameaça a legitimidade das eleições presidenciais da empobrecida nação da América Central, marcadas para 29 de novembro. Vários países e entidades da região ameaçam não reconhecer a disputa, caso Zelaya não tenha voltado à presidência.

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