Um enviado dos Estados Unidos continuava em Honduras, nesta quarta-feira, trabalhando para tentar resolver a crise política do país. Já o presidente deposto hondurenho, José Manuel Zelaya, afirmou que, caso Washington realmente quisesse resolver a crise, poderia fazê-lo em cinco minutos.

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Mais cedo, Zelaya afirmou que os Estados Unidos fizeram um convite para ele integrar o "gabinete de transição" em Honduras. Em troca, o presidente de facto, Roberto Micheletti, renunciaria ao cargo "na sexta-feira no Congresso", informa o jornal local La Tribuna em seu site nesta quarta-feira.

"Isso (a renúncia de Micheletti) ocorrerá na sexta-feira no Congresso. Se eu aceito integrar o gabinete de transição, ele renuncia e legitimo o golpe de Estado. É uma manobra na qual não vou cair", disse Zelaya. Segundo a versão do líder deposto, o governo de Micheletti teria "direito de veto" nessa nova administração, "mas eu não vou cair nessa armadilha".

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A visita do subsecretário-adjunto de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Craig Kelly, tem como meta destravar o processo de diálogo e fazer valer o acordo firmado pelas duas partes rivais no país, informou a embaixada norte-americana em comunicado na noite de terça-feira. É a segunda visita do funcionário em duas semanas, ocorrida no momento em que o Congresso anunciou, na terça-feira, que decidirá sobre a volta ou não de Zelaya ao posto em 2 de dezembro. Antes, haverá eleições presidenciais no país, no dia 29 de novembro.

Zelaya insiste que a realização das eleições é uma forma de legitimar o golpe de Estado que o derrubou, em 28 de junho. Para ele, os EUA poderiam resolver rápido a crise, caso quisessem. "Só têm que levantar um dedo cinco minutos e em duas horas o governo de facto tem que entregar realmente o poder", afirmou ele em entrevista nesta quarta-feira à Rádio MVS, do México.

O líder deposto lembrou que 75% das atividades econômicas de Honduras se realizam com os EUA, país com o qual além disso foram firmados vários acordos bilaterais, em diversas áreas.

Zelaya foi expulso pelos militares do país e o Legislativo nomeou como presidente de facto Roberto Micheletti. Desde então, o país vive profunda crise política, enquanto os dois grupos disputam o poder.

Kelly chegou a Honduras na terça-feira e teve encontros separados com Micheletti e Zelaya. "Como amigos do povo hondurenho, vamos seguir trabalhando com os dois lados para buscar soluções", afirmou o diplomata, ao sair da embaixada do Brasil, onde Zelaya está refugiado desde 21 de setembro.

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Negociadores de Zelaya e Micheletti firmaram um acordo em 30 de outubro para encerrar a crise. O acordo deixou a decisão sobre a volta ou não do líder deposto nas mãos do Congresso. Posteriormente, Zelaya qualificou o pacto como um "fracasso".

Após a visita de Kelly, Zelaya reiterou que, para ele, o acordo "está morto". Cinco dias após o pacto, Zelaya já o condenava, por não aceitar a formação de um governo de união liderado por Micheletti. Para o líder deposto, primeiro ele deveria voltar ao poder, para então se discutir a nova administração.

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