O homem de confiança de Manuel Zelaya anunciou nesta terça-feira uma ofensiva para a restituição do líder deposto, dois dias depois da polêmica eleição presidencial e em meio a uma crescente pressão internacional por sua volta ao poder.
Carlos Reina, um dos principais assessores de Zelaya, deixou na terça-feira a embaixada brasileira em Tegucigalpa, onde acompanhava o presidente em seu refúgio desde setembro, quando Zelaya voltou clandestinamente do exílio. Ele afirmou que precisou sair para reorganizar os protestos contra o golpe de Estado, na véspera de o Congresso votar sobre a restituição ou não do presidente deposto.
"Viajarei por todo o país para reorganizar e resgatar o Partido Liberal (de Zelaya) e tornar coeso o movimento de resistência", disse Reina a jornalistas horas depois de deixar a embaixada, que permanece cercada por militares.
Reina negou a intenção de buscar uma aproximação com o vencedor das eleições, o conservador Porfírio Lobo, do Partido Nacional, que ofereceu um diálogo nacional para superar a crise política, mas manteve a decisão sobre a restituição de Zelaya nas mãos do Congresso.
O Brasil e outros países da América Latina decidiram não reconhecer a eleição de Lobo, por se tratar de um pleito organizado pelo governo golpista. Já os Estados Unidos reconheceram com ressalvas a validade da eleição.
A votação de quarta-feira no Congresso é parte de um acordo firmado em outubro pelas partes em conflito, sob a mediação dos EUA.
Nos últimos dias, porém, Zelaya vinha dizendo que o acordo havia caducado, já que ele pleiteava voltar ao poder antes da eleição de domingo passado. O acordo previa também a criação de um governo de unidade nacional, o que não aconteceu.
Na terça-feira, porém, Reina afirmou que Zelaya continua exigindo sua restituição imediata e incondicional, e que "lhe devolvam o tempo que foi mutilado do seu mandato, que deve ser de quatro anos - nem um dia a mais, nem um dia a menos".
Lobo disse na segunda-feira que Zelaya é "história" e "parte do passado", mas admitiu que é preciso pacificar o país e fechar as feridas abertas pela crise.
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