Soldados hondurenhos monitoram fronteira com Las Manos, ao norte da capital de Nicarágua| Foto: Yuri Cortez / AFP Photo

Uma caravana partirá nesta quinta-feira (23) da capital da Nicarágua, com o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, que fará uma nova tentativa de regressar ao país. O presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, disse que prenderá Zelaya se ele voltar a Honduras. A polícia hondurenha reforçou nesta quinta-feira (23) que o mandatário deposto será detido se atravessar a fronteira.

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A partir de Manágua, Zelaya disse ao canal argentino de televisão a cabo Todo Noticias que "medo eu não tenho, mas sei que existem riscos e fui ameaçado pelo golpista Romeo Vásquez Velásquez. O general Velásquez comanda o Estado-Maior Conjunto do Exército de Honduras.

Zelaya esclareceu que não planeja voltar imediatamente a Honduras. "Acredito que estaremos na fronteira no sábado ou no domingo, porque iremos devagar, para chegar com um forte contingente de hondurenhos ao nosso lado", ele disse ao canal argentino.

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"Quando ele voltar a Honduras, teremos que executar a ordem de prisão", disse Lorena Calix, a porta-voz da polícia nacional de Honduras.

Enquanto prepara a volta, Zelaya instalará um "posto de comando" na cidade nicaraguense de Estelí, 100 quilômetros ao norte de Manágua, onde será avaliada a maneira mais conveniente de entrar em Honduras, disse Allan Fajardo, um dos funcionários do governo hondurenho defenestrado.

Após tomar conhecimento na noite de quarta-feira sobre o fracasso da mediação do presidente de Costa Rica, Oscar Arias, que tentava restituí-lo ao cargo, Zelaya anunciou sua volta a Honduras acompanhado por sua esposa, filhos, um grupo de aliados políticos e jornalistas.

Esta é a segunda tentativa de Zelaya voltar a Honduras. Afastado da presidência por um golpe de estado em 28 de junho, ele tentou voltar em 5 de julho a Tegucigalpa, vindo de Washington em um avião de matrícula venezuelana. O avião não obteve permissão para pousar no aeroporto da capital hondurenha.

A Suprema Corte de Honduras ordenou a prisão de Zelaya antes do golpe do dia 28, acusando o então mandatário no cargo de querer aprovar um referendo que se vitorioso permitiria a reeleição de políticos aos cargos públicos, o que segundo os magistrados violaria a Constituição do país.

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Se detido, Zelaya enfrentará quatro acusações, de violar ordens do governo, traição, abuso e usurpação do poder. As acusações podem render 43 anos de cadeia.

Enquanto isso continuam as manifestações populares em Honduras. Simpatizantes de Zelaya organizaram uma greve no serviço público e bloquearam rodovias no país, disse Juan Barahona, um dos organizadores.

Zelaya e Fajardo não informaram o ponto exato onde pretendem cruzar a fronteira.

Os possíveis passos terrestres da Nicarágua para Honduras são Guasaule, na província de Chinandega, 126 quilômetros ao oeste de Manágua; ou então El Espino e Las Manos, ambos em Madriz, a 150 e 185 quilômetros ao norte da capital da Nicarágua, respectivamente.

Mas Fajardo não descartou que Zelaya use um avião para viajar a El Salvador ou à Guatemala, ou navegar na costa caribenha para alcançar Honduras. Zelaya disse que regressará sem armas.

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Na falta de um acordo que resolva o impasse político, o presidente da Bolívia, Evo Morales, disse nesta quinta-feira que só a renúncia do governo interino evitará que Honduras mergulhe numa guerra civil. A presidente do Chile, Michelle Bachelet, disse que é preciso "evitar um derramamento de sangue em Honduras" e pediu à Organização dos Estados Americanos (OEA) que cumpra com as diretrizes aprovadas na assembleia geral da entidade, para que a nação centro-americana "recupere a democracia".

Zelaya disse que pediu ao chefe do Estado-Maior Conjunto, o general Velásquez, que ordene aos soldados que "baixem os fuzis" quando ele chegar à fronteira. Zelaya responsabilizou Velásquez por qualquer violência que ele possa sofrer. As informações são da Associated Press.