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Presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, ainda está em Octal, na Nicarágua, perto da fronteira com Honduras | Reuters
Presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, ainda está em Octal, na Nicarágua, perto da fronteira com Honduras| Foto: Reuters

Frustrados seguidores de Manuel Zelaya deixaram no domingo (26) a fronteira com a Nicarágua e voltaram para suas casas, enquanto o presidente deposto de Honduras se queixava de que a condenação norte-americana ao golpe que o derrubou está perdendo força.

A ONU, os EUA e a América Latina exigiram a volta de Zelaya ao poder, mas a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, o considerou "imprudente" por dar alguns passos dentro do território hondurenho, na sexta-feira, em um gesto simbólico diante da imprensa internacional.

Zelaya reagiu queixando-se de que Hillary deixou de usar o termo "golpe" para descrever sua destituição. "A posição da secretária Clinton no começo foi firme. Agora sinto que ela não está realmente denunciando (o golpe) e não está agindo com suficiente firmeza contra a repressão que Honduras está sofrendo", disse ele a jornalistas.

Soldados hondurenhos impediram milhares de pessoas de manifestarem seu apoio a Zelaya junto à fronteira desde sexta-feira (24).

A cerca de dez quilômetros da fronteira, cem temerosos camponeses se reuniram na cidade cafeeira de El Paraiso, uma manifestação muito tímida em comparação ao que Zelaya havia convocado.

"Vamos voltar a Tegucigalpa, onde a maioria das pessoas está", afirmou a professora Lilian Ordoñez, enxugando as lágrimas. "Temos de mudar nossa estratégia ... As pessoas estão irritadas, mas não temos armas, e contra um rifle nada podemos fazer."

Cerca de 200 hondurenhos que conseguiram chegar à fronteira estão acampados no lado nicaraguense. Na localidade de Ocotal, Zelaya planeja seus próximos passos. No domingo, o presidente deposto, convocou soldados e oficiais de alto escalão a rebelar-se contra a cúpula militar que o expulsou do país há quase um mês com um golpe de Estado.

Zelaya foi derrubado depois de irritar a elite local por se aproximar do presidente esquerdista da Venezuela, Hugo Chávez. O governo Obama inicialmente condenou o golpe e cortou uma ajuda militar de 16,5 milhões de dólares a Honduras.

Embora Washington não queira se alinhar com grupos golpistas de direitas, alguns republicanos se queixam do apoio da Casa Branca a um governo esquerdista como o de Zelaya.

"Está muito claro desde o começo que (o governo Obama) não gostava nada de Zelaya", disse Vicki Gass, analista da entidade Washington Office on Latin America. "A falta de empenho da sua parte está dando a impressão de que eles estão recuando da sua posição original."

O Departamento de Estado diz que Zelaya deve visitar Washington na terça-feira, mas ele disse que não foi convidado e que não tem planos de ir nesta semana. Em uma entrevista coletiva, ele afirmou também ter havido rumores de que havia um complô para matá-lo.

Enquanto isso, o governo interino de Honduras prepara eleições para novembro, na esperança de que a posse de um novo presidente eleito, em janeiro, dê legitimidade internacional às mudanças no país.

Em entrevista publicada no domingo pelo jornal espanhol El País, o mediador do conflito, Oscar Arias, presidente da Costa Rica, disse que ainda acredita em uma solução negociada. Ele propõe a restauração de Zelaya como presidente, à frente de um governo de coalizão.

O presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, diz estar disposto a fazer concessões sob a mediação de Arias, mas insiste que não aceitará a volta de Zelaya ao poder - algo que desmoralizaria especialmente os comandantes militares responsáveis pelo golpe.

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