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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, abriu na sexta-feira (14), ao lado da anfitriã suíça, a presidente Viola Amherd, a primeira cúpula de paz promovida por Kiev com um apelo ao multilateralismo e à unidade global pelos princípios da Carta das Nações Unidas para acabar com a guerra na Ucrânia e alcançar uma “paz justa”.
“As opiniões, ideias e liderança de todos os países são igualmente importantes para nós”, disse Zelensky, que anunciou que a cúpula contará com representantes de diferentes níveis de um total de 101 países e organizações internacionais.
O presidente ucraniano passou em revista o longo caminho até à cúpula que se realiza neste fim de semana, iniciado com a apresentação da chamada “Fórmula da Paz” ucraniana do G20 realizada em Bali em novembro de 2022 e continuou com quatro reuniões de conselheiros de chefes de Estado.
Zelensky descreveu como um “sucesso” o fato de o processo culminar agora com a celebração de um acordo ao qual aderiu um número maior de países do que os que estiveram representados em reuniões anteriores.
“Tudo o que for acordado hoje nesta reunião fará parte do processo para alcançar a paz de que todos necessitamos. Acredito que iremos testemunhar como se faz história”, declarou o chefe de Estado ucraniano, que agradeceu a todos os participantes por terem aceitou seu convite para o encontro na Suíça.
Kiev busca declarações consensuais a favor da libertação dos prisioneiros de guerra de ambos os lados e do regresso ao território controlado pelo governo ucraniano de todos os civis detidos e deportados, incluindo menores de 18 anos.
A administração Zelensky também espera conseguir um acordo que apela ao regresso da segurança nuclear e alimentar violada pela invasão russa da Ucrânia.
As declarações aprovadas serão apresentadas ao Kremlin para tentar pressionar Moscou a agir na direção solicitada pelos países signatários.
Suíça espera progresso no diálogo pelo fim da guerra na Ucrânia
O governo da Suíça, anfitrião da Cúpula da Paz na Ucrânia, espera que esta reunião de líderes mundiais “sirva para construir a confiança e os primeiros passos no caminho para a paz”, embora reconheça que não será uma tarefa fácil.
“Tentaremos lançar um processo de paz, algo não fácil, mas necessário depois de dois anos de guerra na Ucrânia e milhares de mortes”, destacou o ministro dos Negócios Estrangeiros suíço, Ignazio Cassis em mensagem pouco antes da reunião.
O governo suíço celebrou ter conseguido atrair um número tão elevado de líderes e que isso é um sinal do compromisso da comunidade internacional com a paz na Ucrânia.
Segundo os anfitriões suíços, o objetivo é “desenvolver um entendimento comum sobre três questões que podem construir confiança: segurança nuclear, segurança alimentar (e a liberdade de navegação no Mar Negro necessária para isso) e a questão humanitária”, com possíveis debates sobre a situação dos prisioneiros de guerra e dos deportados à força.
Espera-se que no fim do encontro, no domingo (16), se chegue a uma declaração oficial que possa servir, segundo os organizadores, como um primeiro passo para caminhos futuros em que a Rússia possa estar envolvida, embora se pretenda incluir no texto que Moscou é o poder agressor.
Putin está nervoso com reunião pelo fim da guerra, diz chanceler alemão
Na véspera da reunião dos líderes, o presidente russo, Vladimir Putin, garantiu que o seu país só terminaria a guerra se a Ucrânia concordasse em não aderir à Nato e entregasse as suas quatro províncias reivindicadas por Moscovo, exigências que Kiev considerou “absurdas”.
O chanceler alemão Olaf SCholf disse acreditar que o presidente russo, Vladimir Putin, estava “nervoso” com a iniciativa de paz.
Numa entrevista transmitida neste sábado pela televisão privada ‘NTV’, Scholz disse que “Putin parece nervoso” na conferência de paz organizada pelo país de Volodymyr Zelensky, uma iniciativa que a chanceler alemã vê como uma oportunidade.
Segundo o chanceler, a reunião deverá servir para falar sobre diferentes assuntos que estarão na ordem do dia, como a questão da paz que “faça sentido para a Ucrânia, que respeite a sua integridade e soberania”.
Porém, para ele, o encontro na Suíça neste sábado e domingo deve ser a base para outro encontro onde sejam dados “mais passos” em direção à paz.
O presidente espanhol, Pedro Sánchez, viaja neste sábado à Suíça para participar do encontro internacional sobre a Ucrânia.
Sánchez informou por telefone ao presidente da Ucrânia, Volodímir Zelensky, há semanas, que participaria da conferência, que se realizará no meio de fortes medidas de segurança no complexo hoteleiro Bürgenstock, perto de Lucerna.
O governo espanhol destacou a importância desta que é a primeira vez, em dois anos, que a comunidade internacional se sentará à volta de uma mesa para tentar pôr fim à guerra e que os debates se concentrarão em questões fundamentais como a segurança nuclear, a segurança alimentar e as questões humanitárias.
No domingo terão lugar três mesas de debate e Sánchez intervirá na de segurança alimentar além de falar na sessão plenária com a cúpula aberta neste sábado.