O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse neste sábado que desde o início da guerra já houve entre 2,5 mil e 3 mil soldados mortos em suas fileiras e cerca de 10 mil feridos. Dos feridos, afirmou Zelensky em entrevista à CNN, é difícil dizer quantos sobreviverão. O número de soldados mortos entre os invasores estimado pelos ucranianos é de 20 mil, mas o lado russo reconheceu apenas 1.350 soldados mortos em combate.
As mortes de civis durante a guerra, segundo Zelensky, são mais difíceis de estimar devido à situação em algumas áreas do país onde há cidades bloqueadas pelos invasores russos. “É difícil estimar as mortes de civis, especialmente onde há cidades sitiadas como Kherson ou Mariupol. Não sabemos exatamente quantas pessoas morreram nas áreas bloqueadas”, afirmou. As autoridades municipais de Mariupol estimaram que até 20 mil civis podem ter sido mortos naquela cidade.
À CNN, Zelensky expressou seu medo de que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, recorra ao uso de armas nucleares ou químicas porque, segundo ele, “a vida das pessoas na Ucrânia não tem valor” para o russo. “Não apenas eu, mas todos os países do mundo deveriam estar preocupados. Ele [Putin] pode usar armas químicas, para ele a vida das pessoas não vale nada. Não devemos pensar que temos de ter medo, mas que temos de estar preparados. Mas não é apenas uma questão da Ucrânia, mas de todo o mundo”, afirmou o presidente ucraniano.
Em vídeo, Zelensky fala de reconstrução do país
Na sexta-feira, Zelensky havia destacado em vídeo os sucessos “significativos” contra o Exército russo, ao mesmo tempo que admitiu uma situação “muito difícil” no sul e no leste, e anunciou uma campanha para semear todo o país e a restauração de algumas linhas ferroviárias. “Os sucessos das nossas Forças Armadas no campo de batalha são realmente significativos. Historicamente significativos. Mas ainda não são suficientes para limpar as nossas terras dos ocupantes. A missão a número um é acelerar a paz”, disse Zelensky.
O presidente insistiu que a guerra provocada pela invasão russa em 24 de fevereiro não terminará enquanto a Ucrânia não receber mais armas e apoio financeiro para se defender. “Eles [os militares ucranianos] estão parando os ataques dos ocupantes. Eles estão fazendo contra-ataques. Eles já sobrecarregaram tanto, no verdadeiro sentido da palavra, a aviação convencional russa que são obrigados a utilizar aviões estratégicos de longo alcance”, disse o mandatário.
No entanto, Zelensky admitiu que no sul e no leste do país “a situação ainda é muito difícil” e que não se pode falar de recuperação. Nos distritos ocupados das províncias de Kherson e Zaporizhzhya, o exército russo “continua aterrorizando os civis”, denunciou. O presidente acrescentou que “a crueldade com a qual as tropas russas tentam conquistar as regiões de Azov, Donbas, Kharkiv, apenas elimina a mínima possibilidade de estes territórios e estas pessoas, pelo menos em algum momento no futuro, terem laços” com a Rússia.
O governante informou que, na sexta-feira, se reuniu com todos os comandantes militares superiores, o ministro do Interior e o chefe da sua delegação nas negociações com a Rússia, entre outros, para falar sobre a cidade de Mariupol, sitiada pelos invasores: “Estamos fazendo todo o possível para salvar o nosso povo”, comentou. “A situação em Mariupol é difícil e a luta continua. O exército russo envolve constantemente unidades adicionais para invadir a cidade e, por enquanto, estão decorrendo batalhas ativas perto da fábrica de Illich e na zona portuária de Mariupol. Mas os russos não podem capturar completamente esta cidade”, disse o porta-voz do Ministério da Defesa ucraniano, Oleksandr Motuzianyk, à agência noticiosa Ukrinform.
Zelensky também disse ter conversado com os ministros sobre como resolver os problemas econômicos urgentes que surgiram durante a lei marcial imposta após a invasão russa. De acordo com o presidente, 80% de todas as empresas ucranianas já voltaram ao trabalho em uma área segura, principalmente as empresas da indústria pesada, e que as redes de transporte estão sendo reconstruídas. “Aconteça o que acontecer, em todas as cidades e em todas as comunidades onde não há presença de ocupantes e hostilidades, é necessário restaurar ao máximo a economia”, analisou. O mandatário anunciou que o Ministério da Política Agrária e Alimentação informou que a campanha de plantação já começou e continua em todas as regiões, incluindo Lugansk e Donetsk. Anunciou também que a restauração de estradas e ferrovias foi iniciada.
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