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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, durante participação em encontro do gabinete do premiê britânico, Keir Starmer, em Londres, em julho
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, durante participação em encontro do gabinete do premiê britânico, Keir Starmer, em Londres, em julho| Foto: EFE/EPA/ANDY RAIN/POOL

O The Wall Street Journal publicou nesta quinta-feira (15) uma reportagem sobre como teria sido planejada a sabotagem do gasoduto Nord Stream, que conecta Rússia e Alemanha, em setembro de 2022, alegando que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, inicialmente aprovou o plano, mas depois tentou cancelá-lo, sem sucesso.

A reportagem intitulada “Uma noite de bebedeira em um iate alugado: a verdadeira história da sabotagem do gasoduto Nord Stream” foi publicada um dia depois que a Alemanha emitiu um mandado de prisão para um cidadão ucraniano que vive na Polônia por supostas ligações com a sabotagem contra o gasoduto por meio do qual a Rússia transportava gás para a Alemanha através do mar Báltico.

De acordo com o jornal, o ataque, descrito como um dos “atos de sabotagem mais audaciosos da história moderna”, foi planejado em uma reunião de “um punhado de oficiais militares e empresários ucranianos de alto escalão” para “brindar o notável sucesso de seu país em impedir a invasão russa” da Ucrânia em fevereiro de 2022.

“Animado pelo álcool e pelo fervor patriótico, alguém sugeriu um próximo passo radical: destruir o Nord Stream”, diz a reportagem, que lembra que houve especulação de que a inteligência dos Estados Unidos, tese da Rússia e do ditador russo Vladimir Putin, estaria por trás da explosão do gasoduto com três explosões subaquáticas.

A “história real”, de acordo com o jornal, é que empresários privados financiaram a operação realizada por um grupo de seis pessoas que navegavam a bordo do Andromeda, um iate recreativo de 15 metros que haviam fretado na Alemanha. Entre eles, estavam quatro mergulhadores civis e uma mulher, “cuja presença ajudou a criar a ilusão de que se tratava de um grupo de amigos em um cruzeiro de lazer”, observa o relatório.

O plano custou cerca de US$ 300 mil e foi supervisionado por um general em exercício com experiência em operações especiais que se reportava ao então comandante-chefe das Forças Armadas ucranianas, general Valeriy Zaluzhniy, de acordo com a investigação do WSJ, que conversou com um dos participantes e três outras pessoas familiarizadas com a operação, entre outras fontes.

“A CIA alertou o gabinete de Zelensky para que interrompesse a operação, segundo autoridades americanas. O presidente ucraniano, então, ordenou que Zaluzhniy parasse a operação, de acordo com autoridades ucranianas e autoridades familiarizadas com a conversa, bem como autoridades da inteligência ocidental. Mas o general ignorou a ordem e sua equipe modificou o plano original, disseram essas pessoas”, segundo a publicação.

O The Wall Street Journal observou que, para corroborar as informações, trocou mensagens com Zaluzhniy, atual embaixador da Ucrânia no Reino Unido, e também falou com um funcionário de alto cargo da inteligência ucraniana (SBU). Ambos negaram a veracidade das informações.

Zelensky “não aprovou a implementação de tais ações no território de países terceiros e não emitiu ordens relevantes”, enfatizou a fonte de inteligência ucraniana consultada.

O jornal indicou que o relato feito pelos participantes da sabotagem foi parcialmente corroborado por uma investigação policial alemã de quase dois anos, na qual detalhou que não “vinculou diretamente o presidente Zelensky à operação clandestina”.

O WSJ identificou um dos recrutados para a operação como Roman Chervinsky, um coronel condecorado que serviu anteriormente no principal serviço de segurança e inteligência da Ucrânia, o SBU, e que atualmente está sendo julgado na Ucrânia por acusações não relacionadas.

Em julho, acrescenta o jornal, ele foi liberado sob fiança após mais de um ano de detenção e, quando contatado, recusou-se a comentar sobre o caso Nord Stream, dizendo que não estava autorizado.

Além do jornal americano, foram divulgados na quarta-feira os resultados de uma investigação sobre o bombardeio do Nord Stream realizada pela emissora pública alemã ARD, pelo Süddeutsche Zeitung e pelo semanário Die Zeit.

De acordo com a investigação, a Alemanha emitiu um mandado de prisão para um instrutor de mergulho identificado como “Vladimir S.”, mas o mandado não foi executado pela Polônia, embora Varsóvia e Berlim estejam debatendo o futuro do suspeito.

“Vladimir S.” e dois outros cidadãos ucranianos, responsáveis por uma escola de mergulho e identificados como “Ewgen U.” e “sua esposa Svetlana”, estão supostamente envolvidos na sabotagem, de acordo com a investigação da imprensa alemã.

Conteúdo editado por:Fábio Galão
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