A venda de elefantes para a China, ano passado, deixou o governo do Zimbábue na mira de ambientalistas de todo o mundo.| Foto: Themba Hadebe/ AFP

Primeiro, eles venderam seus elefantes para a China. Agora, o governo do Zimbábue publicou um anúncio no jornal estatal convocando pessoas comuns – que pelo menos tenham dinheiro e espaço – para comprar mais alguns dos animais selvagens do país. A razão é uma devastadora e implacável seca provocada pelo El Niño, que deixou mais de 4 milhões de pessoas passando fome e arrebatou recursos naturais, dizimando plantações e secando as fontes de água. Pelo menos 16,5 mil bovinos morreram somente este ano.

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O Zimbábue possui dez parques nacionais, um deles abrigava Cecil, o amado leão de juba preta que foi morto por um dentista norte-americano no último ano. Repletos de girafas, búfalos, leões, onças e elefantes, os parques atraem em intensidade similar turistas e caçadores.

No ano passado, o governo do Zimbábue despertou a ira dos ambientalistas quando começou a vender elefantes para a China. A venda reduziria a população de elefantes, mas, admitiram funcionários públicos, também levantaria fundos para o país comprar dispositivos anti-caça e tecnologia de vigilância.

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“(procuramos interessados) ...que forneçam as seguintes informações sobre o habitat em que pretendem colocar os animais adquiridos: nome e endereço da propriedade, tamanho da propriedade, dono da propriedade, descrição do atual uso da terra, uso pretendido para os animais adquiridos, infraestrutura existente, fornecimento de água, rotas, prevenção a incêndio, capacidade de aplicação das leis de proteção e gerenciamento.”

Trecho do anúncio publicado pelo governo do Zimbábue para vender animais selvagens.

Funcionários do governo disseram para a CNN que o dinheiro da nova rodada de comercialização será revertido em benefício dos animais, além de desafogar as pastagens e liberar mais recursos híbridos até a próxima estação chuvosa.

“Esperamos usar os fundos para comprar comida e assegurar acesso à água, para desestressar os animais”, afirmou à CNN o ministro de Meio Ambiente, Água e Clima, Oppah Muchinguri-Kashiri.

China pagou US$ 50 mil por elefante

O anúncio, pago pela Autoridade Zimbabuana de Gerenciamento de Parques e Vida Selvagem, convida pessoas “com capacidade para adquirir e administrar a vida selvagem” a se apresentar. A agência indicou a intenção de vender animais para reservas particulares, mas não especifica quais espécies estão à venda, quantos serão vendidos e por quanto. Projeções conservadoras apontavam que cada um dos elefantes vendidos para a China rendeu pelo menos US$ 50 mil. Segundo a agência Reuters, o Hwange National Park abriga 50 mil dos 80 mil elefantes do país, quatro vezes mais do que a sua capacidade.

Em fevereiro, o presidente do país, Robert Mugabe, declarou estado de calamidade nas áreas rurais afetadas pela seca. No mesmo mês, Muchinguri-Kashiri anunciou a perfuração de 12 mil poços para drenar lençóis de água.

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Na última vez que enfrentou uma estiagem dessa magnitude, o país foi forçado a matar milhares de elefantes e impalas para salvar outros animais e a população faminta, de acordo com artigo publicado em 1992 pelo The New York Times. No passado, conservacionistas expressaram a preocupação com exportação de animais poder resultar em mais perigo para os bichos, especialmente se forem mandados para países como a China, onde caçadores arrancam sua pele para vender no mercado negro.

A nova rodada de venda deve atrair o mesmo tipo de críticas de defensores e advogados dos direitos dos animais, mesmo que um pronunciamento da autoridade dos parques tenha indicado a tomada de providências para que os animais não caiam em mãos que lhes provoquem mais sofrimento.

Segundo a CNN, a agência pediu as interessados “que forneçam as seguintes informações sobre o habitat em que pretendem colocar os animais adquiridos: nome e endereço da propriedade, tamanho da propriedade, dono da propriedade, descrição do atual uso da terra, uso pretendido para os animais adquiridos, infraestrutura existente, fornecimento de água, rotas, prevenção a incêndio, capacidade de aplicação das leis de proteção e gerenciamento.”