A nova zona de defesa aérea estabelecida por Pequim no Mar da China Oriental vem reafirmar as reivindicações territoriais do país sobre ilhas em disputa na região, mas não deve desencadear imediatamente confrontos com aviões estrangeiros. A medida, porém, também se encaixa no modus operandi dos chineses para fazer valer seus direitos e tem potencial para provocar confrontos perigosos. Mas isso vai depender da força com que tal medida será implementada e até que ponto a China será cautelosa na interceptação de aviões do Japão, Estados Unidos e outros países. Embora a implementação da zona de defesa comece lentamente, Pequim tem um histórico de apostar no longo prazo e analistas preveem um aumento gradativo das atividades militares.
No fim de semana passado, Pequim divulgou um mapa dessa zona que abrange um grupo de ilhas controladas pelo Japão e que a China reivindica como suas e estabeleceu um conjunto de regras segundo as quais os aviões que entrarem na área devem informar as autoridades chinesas e estão sujeitos a medidas militares de emergência se não se identificarem ou obedecerem às ordens.
Para analistas, Pequim calculou mal a contundência e a rapidez com que seus vizinhos rejeitaram suas demandas. Washington, que tem centenas de aviões militares estacionados na região, declarou que não tem nenhuma intenção de cumprir a diretiva. O Japão também qualificou a zona de defesa aérea como inválida, inaplicável e perigosa, ao passo que Taiwan e Coreia do Sul rejeitaram a medida chinesa.
Retórica
Para Denny Roy, especialista em segurança no East-West Center, no Havaí, a imposição da zona de defesa aérea pela China provavelmente será mais retórica no início. "Agora os chineses podem começar a enumerar e reportar o que consideram violações japonesas, alegando por seu lado que eles têm se controlado, não exercendo o que qualificam como o direito da China de atirar e que o país não continuará assim tão paciente indefinidamente", disse ele.
Já Bonnie Glaser, do Centro de Estudos Internacionais e Estratégicos em Washington, avalia que, pelo menos no curto prazo, a decisão de Pequim debilita sua campanha para exercer mais influência regional.