Presidente da África do Sul desde 2009, Jacob Zuma enfrenta pressão do partido e da oposição para renunciar ao cargo em meio a uma série de denúncias de corrupção| Foto: NIC BOTHMAAFP

O partido governista Congresso Nacional Africano (CNA) deu ao presidente sul-africano, Jacob Zuma, 75, o prazo de 48 horas para que renuncie, do contrário será retirado do poder, informou a TV estatal SABC nesta segunda-feira (12). Até o momento, Zuma não havia se pronunciado.

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Após uma reunião emergencial de mais de oito horas da executiva do partido em um hotel em Pretória, capital administrativa da África do Sul, o líder do CNA e vice-presidente, Cyril Ramaphosa, entregou o ultimato pessoalmente a Zuma em sua residência.

"Obviamente alcançamos o fim da rua com o homem, vamos fazer o seu 'recall'", disse um membro da executivo ao canal sul-africano News 24 antes do início da reunião. 'Recall' é o termo usado no país para o procedimento de retirada do poder do presidente.

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Horas antes, a SABC havia dito que Zuma havia concordado em renunciar e que os detalhes sobre como proceder estavam sendo discutidos. Porém, o porta-voz do presidente, Bongani Ngqulunga, qualificou o relato de "fake news" (notícia falsa). Ramaphosa, 65, diz que tem mantido conversas com Zuma sobre uma transferência de poder e havia afirmado que a reunião da executiva do CNA era para "finalizar" a situação.

A executiva do partido tem autoridade para ordenar Zuma a renunciar, mas a mídia local especula que ele ainda pode resistir.

"Zuma não é apenas uma pessoa. Ele é um sistema. Há muita gente cuja fortuna política está ligada à dele", afirmou o analista político Ralph Mathekga ao diário britânico "The Guardian".

"Estamos assistindo a uma batalha pela alma do CNA. É um referendo sobre a verdadeira balança de poder dentro do partido", acrescentou.

Corrupção

Zuma sobreviveu à pressão do CNA no ano passado para renunciar, mas analistas dizem que desta vez o apoio à renúncia é maior.

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Presidente do país desde 2009, Zuma enfrenta pressão do partido e da oposição para renunciar ao cargo em meio a uma série de denúncias de corrupção.

Na semana passada, o Parlamento adiou o Discurso do Estado de União que ele faria e deve votar no dia 22 uma moção de não confiança para tirá-lo do cargo.

Caso a renúncia se confirme, Ramaphosa - ex-líder sindical que se tornou um dos empresários mais ricos do país mas que adotou um discurso anticorrupção - deve assumir a Presidência até o fim do mandato, em 2019.

Na opinião do especialista em política sul-africana Richard Calland, da Universidade de Cidade do Cabo, a saída de Zuma daria a Ramaphosa "a chance de reconstruir governo e partido ao mesmo tempo", disse ao "Guardian".

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