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"Ao se educar um povo, torna-se mais fácil orientá-lo, porém mais difícil conduzi-lo; torna-se mais fácil de governá-lo, mas absolutamente impossível escravizá-lo."(H. Brougham, político inglês do século 19.)

Desde que assumi a Reitoria da UFPR, em 2002, escrevi para o Dia do Professor um artigo de opinião fazendo reflexões sobre o papel do professor e da educação em nossa sociedade. No primeiro – sob o título A nobre missão de educar – escrevi, em 2002, sobre as novas técnicas pedagógicas, como computadores e educação a distância, que têm sua utilidade, mas absolutamente não substituem a troca real e sinérgica entre professor e aluno. O contato pessoal do aluno com seu mestre é imprescindível, pois o conhecimento só pode ser aproveitado quando ele vem acompanhado pela competência e valores éticos morais.

No segundo artigo, publicado em 2003 – com o título Haja Motivadox –, discorri sobre um medicamento entregue por uma docente da UFPR em meu gabinete com o nome de Motivadox 100 mg, energético docente. Em sua composição química, cada drágea tinha 10 mg de paciência, 10 mg de incentivo, 10 mg de compreensão, 10 mg de companheirismo, 10 mg de compromisso, 10 mg de persistência, 10 mg de respeito e 20 mg de amor, princípios ativos indispensáveis ao exercício de uma docência de qualidade.

No último artigo, de 2004 – sob o título Je suis professeur –, comentei sobre a valorização do trabalho do professor, que ocorre em países como a França, mas que é deixada de lado no Brasil. Extraio daquele texto: "É preciso que a nação entenda que só vamos alcançar níveis de desenvolvimento humano e tecnológico com igualdade e justiça se o trabalho daquele que ensina nossos filhos e netos for adequadamente valorizado por todos nós. Não se trata apenas de salários condizentes com a tarefa realizada por aqueles que se dedicam ao ensino nos mais diversos níveis. Trata-se, isto sim, de mudanças profundas na cultura brasileira que dá mais valor à aparência que ao conteúdo, valoriza mais quem tem do que quem é. Tratar o professor com respeito e dignidade é obrigação de todos nós".

Hoje, 15 de outubro de 2005, reafirmo tudo o que foi dito nos artigos anteriores e acrescento ainda mais. A cultura messiânica de que, para salvar o país, deverá chegar um presidente capaz de solucionar todos nossos problemas, inclusive o de priorizar a educação não convence mais ninguém. Essa figura não existe! Convenhamos, a solução para nossos problemas está em nossas mãos. Cada um de nós deve se convencer da importância da educação como instrumento transformador da sociedade. Cada um de nós deve exercer pressão sobre nossos governantes para que a educação seja, finalmente, uma prioridade e meta a ser alcançada. Cada um de nós deve ter uma atitude de respeito e carinho para com os professores desse Brasil. Cada um de nós deve impregnar sua consciência com o fato de que somente através da educação para todos, em todos os níveis, é que este país será mais justo, soberano e solidário. O referendo popular, ora proposto, sobre o desarmamento, embora com uma certa dose de importância, não me estimula. Qualquer seja o resultado, trará poucas mudanças significativas ao país e o custo para a realização deste referendo é muito alto. Este recurso poderia ser utilizado em melhorias das escolas públicas com um resultado melhor para a sociedade. Preferiria ver um referendo popular sobre a educação, quem sabe sobre uma lei que definisse um piso salarial adequado para professor em todo o país, quem sabe sobre uma porcentagem do PIB a ser aplicada todos os anos e sem restrições para melhorias das condições de ensino nas escolas públicas, quem sabe sobre a decisão de se utilizar a educação como verdadeiro e único agente transformador da sociedade.

Meu caro professor, parabéns pelo seu dia. Ingira uma drágea de Motivadox e lembre-se: a luta continua!

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