As catástrofes naturais, que têm se multiplicado nesses dois últimos anos desde a onda gigantesca que devastou países banhados pelo Oceano Índico, até os vendavais que afetaram o Sul Brasileiro , chamam atenção pelo seu potencial destrutivo de bens e vidas humanas e destacam a necessidade de um ajustamento, na linha do desenvolvimento sustentável. Tais medidas são imperativas para reduzir o desequilíbrio ambiental, causado pela influência do efeito estufa, que aquece a atmosfera terrestre e modifica o regime dos ventos, conforme relatório de cientistas que integraram o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática convocado pela ONU.
De fato, a violência dos vendavais que tem se abatido sobre o território paranaense nos últimos tempos causa preocupação: além da velocidade com que as correntes de ar se deslocam, as chuvas de granizo que elas transportam são de molde a destruir residências e edifícios cobertos com telhas comuns e as inundações provocam a destruição de plantações, estradas e outras instalações. Nos estados vizinhos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, os danos foram ainda maiores: os ciclones extratropicais formados às costas do Oceano Atlântico, pelo choque entre as massas de ar quente dos trópicos e as frentes frias que sobem do Pólo Sul trouxeram um potencial destrutivo para o qual nossas populações e autoridades públicas não estavam preparadas.
Mesmo países situados no Atlântico Norte, ao longo da costa norte-americana desde o leste dos Estados Unidos, passando pelo Golfo do México até os arquipélagos do Caribe, passaram a sofrer a influência crescente desses fenômenos naturais. O Furacão Katrina, que acaba de devastar regiões sulinas dos Estados Unidos, está sendo considerado a pior catástrofe em mais de 20 anos: a destruição de plataformas e refinarias de petróleo, a inundação de cidades costeiras e outros danos causados pela passagem dessa violenta tempestade estão se mostrando onerosos até para a rica nação americana.
A tais problemas nas Américas juntam-se os estragos ocasionados pelas inversões climáticas na Europa e Ásia. O Velho Continente tem sido afetado por severas e crescentes estiagens na sua porção geográfica sul, atingindo países como Espanha e Portugal, ao lado de chuvas de impacto cada vez maior nas regiões central e do Norte (Áustria, Alemanha e países da Bacia do Danúbio). Na Ásia, as chuvas de monção destruíram cidades costeiras da Índia e da China e furacões devastaram áreas de Taiwan, Filipinas e do Japão.
Essa sucessão de calamidades naturais traz urgência na adoção de novos modelos de existência, capazes de equilibrar o progresso nas atividades humanas com o respeito ao meio ambiente; num desenvolvimento sustentável que inclui o uso de novas formas de energia, a reciclagem em larga escala e outras iniciativas que conciliem o bem-estar material com a capacidade de suporte do planeta em que vivemos.