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A necessária mudança na Petrobras

A Petrobras é o símbolo da luta do povo brasileiro por um Brasil melhor, independente e senhor do seu destino. O movimento "O petróleo é nosso" galvanizou os ideais de gerações e a criação da Petrobras foi a realização deste sonho. Mas foi somente com a queda do monopólio da Petrobras, em 1997, que a empresa acelerou a pesquisa e a descoberta de novos campos e se aproximou da autossuficiência.

Tornou-se uma das maiores empresas petrolíferas do mundo, especialmente por ter desenvolvido capacitação para exploração em águas profundas, o que possibilitou a descoberta do pré-sal. Isto só foi possível porque, além de ter implementado avançada governança corporativa, afastando cada vez mais interferências políticas, o modelo de exploração por concessão aportou grande volume de recursos financeiros, conhecimento tecnológico, diluição dos riscos e segurança jurídica para a formação de parcerias com empresas privadas.

Com o advento do governo Lula, a empresa tornou-se o principal alvo da cobiça de partidos políticos. Criaram-se novas diretorias e as existentes foram também ocupadas politicamente. Investimentos, preços e todas as decisões corporativas deixaram de atender exclusivamente aos interesses da empresa. Com o objetivo de usar politicamente as descobertas do pré-sal, por razões ideológicas e por um nacionalismo ultrapassado, o governo impôs uma mudança radical no sistema de exploração de petróleo. Abandonou-se o regime de concessão e adotou-se o regime de partilha.

A desconfiança dos investidores, em razão da forte ingerência governamental e consequente falta de transparência corporativa, fez despencar o preço das ações da empresa e, com isso, a sua capacidade de investir. As contratações de pessoal baseadas em indicações partidárias e não na qualificação profissional e as decisões políticas de investimentos tiveram como consequência aumento de custos, atrasos e queda na produção e na capacidade de refino e aumento das importações de combustíveis. Daí o surgimento de um megaprejuízo de R$ 1,3 bilhão no segundo trimestre deste ano. O surpreendente não é só o tamanho do rombo, mas o fato de a Petrobras ter suportado tanto descalabro por tanto tempo!

A favor da nova presidente da Petrobras, Graça Foster, deve-se ressaltar a sua coragem de expor às claras todas as mazelas e descaminhos na administração da empresa. Ela começou a recuperar aquilo que uma empresa, especialmente a pública, tem de mais valioso: a transparência corporativa. É uma excelente iniciativa que aponta para uma mudança completa nos rumos da governança: retomar o foco na lucratividade, na eficiência e na racionalidade empresarial, o que não se atinge sem uma profunda reestruturação administrativa, sem uma adequada política de preços dos combustíveis e sem o fim do uso político da Petrobras.

É preciso ainda que o governo tenha humildade em reconhecer o seu equívoco em impor o sistema de partilha na exploração e retorne ao sistema de concessão, testado anteriormente com tanto sucesso e que possibilita que empresas privadas aportem recursos financeiros, conhecimento e pesquisa tecnológica e assumam os riscos, ao mesmo tempo em que o governo pode, por contrato, aumentar a sua participação, conforme o grau de risco da exploração.

A Petrobras é patrimônio do povo brasileiro, construído com sacrifício de todos. É, por isso, louvável que a presidente Dilma imponha também na maior empresa brasileira a sua marca administrativa de gerenciar com critérios técnicos e não apenas políticos.

Eduardo Sciarra, deputado federal, é presidente do PSD no Paraná.

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