A abertura da conferência da Rodada de Doha da Organização Mundial de Comércio, na cidade de Hong Kong, é oportunidade para mais um passo na liberalização das trocas de bens e serviços. Apesar da expectativa de avanços limitados, devido à resistência de países e blocos, o Brasil poderá ser beneficiado por qualquer abertura adicional em corte de subsídios à produção agrícola, acesso a mercados e eliminação de vantagens da exportação de países ricos.
Mesmo no início, nosso país já ganhou, ao marcar posição nas negociações, como coordenador informal do G-20, o grupo de países emergentes de nível intermediário com forte papel na produção de "commodities" do agronegócio. Os outros grupos negociadores no encontro da Ásia são os desenvolvidos Estados Unidos, União Européia e Japão mais os países pobres da África, Ásia e Caribe. Neste evento a liberalização poderá ser menos ampla do que o desejado, ante a resistência do grupo europeu ao desmonte de sua política agrícola.
Em compensação, o G-20, de países emergentes, também resiste em abrir seu mercado de bens industriais e serviços, evitando incorrer no erro da Rodada Uruguai que, na Década de 1990, escancarou a importação de produtos industriais, subscreveu acordos desfavoráveis de patentes e aceitou regras ditadas pelo mundo industrializado. Outro aspecto positivo foi que o G-20 firmou frente comum com os africanos para lutar contra as distorções de comércio conduzidas pelos países ricos.
Na data de hoje ainda, assistimos à realização de eleições para o governo do Iraque, que poderá iniciar o desengajamento da intervenção ocidental liderada pelos Estados Unidos naquele país árabe. A perspectiva de melhoria na situação iraquiana representaria alívio para o governo Bush, às voltas com crescente desencanto nesse conflito que superou mil dias de duração. Victor Hanson, historiador americano que no início comparou a operação no Iraque à Guerra do Peloponeso conflito que opôs as cidades de Atenas e Esparta na Antiguidade grega agora se mostra preocupado com os desdobramentos da intervenção.
A questão do Iraque também incomoda terceiros países: a agência de inteligência norte-americana CIA teria operado vôos clandestinos para o transporte de prisioneiros rumo a prisões mantidas pela organização em nações como Polônia e Romênia; revelação que despertou uma tempestade de críticas na União Européia.
Em nosso subcontinente a última reunião do Mercosul assistiu ao alargamento do bloco, com o ingresso da Venezuela. Apesar da inconstância de Hugo Chávez a expansão é positiva, repetindo o rumo dos europeus unidos. Outros pontos foram a criação do Parlamento regional e o reforço das instituições comunitárias objeto de reclamo do ex-presidente argentino Eduardo Duhalde, ao deixar a presidência da Comissão Representativa do Mercosul. O presidente Lula concorda: "Se aceitamos o destino comum da integração regional, temos que ver como natural o reforço da estrutura institucional do bloco".