Em que pese o ânimo da brasilidade a envidar os maiores esforços no sentido da paz e concórdia entre os irmãos, a fim de corresponder ao dístico do auriverde pendão da esperança "Ordem e Progresso", o fato é que até o presente as tentativas têm sido baldadas, e blindadas nas tertúlias dos homens de má vontade.

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Institucionalmente abortou uma contenda atípica, espúria e inexplicável, alterando atitudes e desnorteando condutas, denegrindo a pátria e confundindo a sociedade, absolutamente fora dos padrões normais que definem a sanidade física e mental.

Não é pois com interpretações leigas, raciocínios banais, e ações ordinárias que vamos encontrar o denominador comum para o enigma que há tanto tempo nos maltrata e desafia.

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Impõe-se antes de tudo a colaboração da ciência que ao evolver dos microscópios, exames e pesquisas, poderá ou não resolver o caso que já extrapolou nossas fronteiras, para diminuição de nossa imagem entre os povos, apesar da palavra franca, e rouca de nosso presidente em viagens de volta ao mundo.

Síndrome é um conjunto de sintomas que caracterizam uma doença.

Entidade mórbida que leva o nome de seu descobridor, ou algo que se relacione com os sinais de sua própria patognomonia. O clima que se instalou no Brasil, complicado de mudanças de temperatura, chuvas raios e trovões, vem acometendo alguns políticos de uma enfermidade que entrou para a nomenclatura médica com o sugestivo nome de síndrome de Ali Babá, em virtude de contar entre seus portadores não apenas 40 ladrões, mas 40 vezes mais. Essa a moléstia que ora se espalha de forma endêmica de norte a sul do país.

Um desafio à nossa medicina tão "bem cuidada" pelo atual governo, como atestam os inúmeros hospitais fechados enquanto outros capengam na dependência da caridade pública, associação de amigos e demais iniciativas.

A síndrome é intrigante dada a diversidade dos sintomas e a contradição dos doentes, a mentirem desbragadamente, prejudicando o raciocínio e decepcionando o profissional em busca do diagnóstico. Alguns deles, mais cínicos e despudorados, chegam a dizer que receberam ordens para não falar. Quem o autor de uma barbárie dessa? Somente um meliante da mesma laia seria capaz de tal desatino na evocação da lei. Outros juram pela felicidade pessoal e da família, afirmando dizerem a verdade e tão somente a verdade. Mas esquecem o passado longínquo ou recente, fatos, amigos, negócios, dinheiro que afanaram, mensalão que receberam, bancos que visitaram, empresas que lesaram, débitos que assumiram, dívidas que não honraram, tudo apagado, como quem passa a borracha num longo trecho que errou. Nessas ocasiões, assumem uma fisionomia parva e imbecil, arremedo do enigmático fácies bovino.

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A doença é ligada a antecedentes mórbidos, pessoais e hereditários, independentemente de raça, seita, hábitos sociais e alimentares. O diagnóstico é singelo a partir de uma anamnese bem conduzida a dispensar exames bioquímicos, radiológicos, ultra-sônicos e magnéticos.

Com vezos de um problema mental, leva o indivíduo à cobiça das coisas alheias, o que infringe o décimo mandamento da lei de Deus. Uma obsessão incrível o transtorna psiquicamente, fazendo-o escravo do vil metal, santidade que venera acima de todas as coisas. Nessa adoração é capaz de torpes e insidiosas atitudes. Às vezes na calada da noite, tresloucado e obsessivo, o psicado abre a mala e se deleita na visão das notas empilhadas, tal qual o avaro, isolado e feliz, à beira do baú contempla o brilho do seu ouro. A síndrome vem de longe em casos esparsos e menos evidentes até atingir a dimensão atual, quando magnatas e manda-chuvas de norte a sul do país, gente escolhida para destinar nosso futuro, sujam as mãos, perdem a vergonha e chafurdam na lama.

A deflagração começou com uma surpresa. Um pecador sinceramente arrependido, bravo e intrépido, confessa antigas proezas enumerando os companheiros que com ele participaram. A denúncia criou sério tumulto nos arraiais dos três poderes, com felpudas ratazanas abandonando o navio prestes a afundar. Fugas em massa cada qual mais omisso, e temeroso dos ilícitos praticados, deixam cargos e não aceitam outros empenhados na salvação do dinheiro arduamente ganho e injustamente ameaçado.

Afetando muitos e não poupando ninguém, eis que o ilustre presidente se vê irremediavelmente contagiado em grave incidência da síndrome. Daí a perda de controle emocional evidente nos discursos desvairados, na auto-estima exacerbada, nos desafios à população, "em 180 milhões de pessoas pode haver alguém igual a mim, mas melhor nunca; para governar não é preciso ter diploma, mas muito coração; sou filho de pai e mãe analfabetos, mas sempre me ensinaram a andar de cabeça erguida". Com essas e outras coragens nunca dantes navegadas, Sua Excelência perde o rumo e parte de sua credibilidade, causa estragos na economia – a bolsa cai, o real cede, o risco Brasil aumenta e o autor fragmenta-se na autoridade e no cargo. Uma situação que não convém nem ao povo nem à pátria. Aqui e agora, enquanto o presidente sonha com um acordo de alto nível do qual seria o titular, a palavra impeachment começa a ganhar corpo nos meios de comunicação alcançando nobres espaços na mídia.

É a síndrome de Ali Babá na plenitude de sua maldade. Não tenha dúvida.

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