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Os entusiastas da telefonia celular, da internet e da tecnologia de informação, eufóricos com essas maravilhas, costumam dizer que elas significam uma verdadeira revolução – seria a Revolução Cibernética. A palavra "cibernética" é definida nos dicionários como a ciência que estuda os sistemas e mecanismos de controle automático, regulação e comunicação nos seres vivos e nas máquinas.

Todavia, há quem discorde de que a humanidade estaria vivendo uma revolução na acepção mais pura da palavra (entre eles, Jeremy Rifkin, economista famoso, autor do livro que dá título a este artigo). Para os discordantes, uma revolução só é digna desse nome quando altera radicalmente (para usar a expressão de Marx) o modo de produção e consumo em escala global.

A primeira seria a Revolução Agrícola, ocorrida há 10 mil anos, quando o homem descobriu que, lançando semente à terra, alimentos nasceriam em quantidades multiplicadas. Embora os registros sejam precários, acredita-se que a Revolução Agrícola, auxiliada pela domesticação do cavalo, teria salvado a humanidade da extinção.

A segunda seria a Revolução Industrial, do século 18, quando surgiu a máquina (bem de capital movido por energia não humana), como uma fantástica evolução da ferramenta (instrumento de produção movido pelos braços humanos). O que permitiu o surgimento da máquina e propiciou a assombrosa revolução no modo de produção e o consequente aumento da produtividade do trabalho foi uma nova forma de energia: o vapor a carvão. Essa é chamada a Primeira Revolução Industrial.

Mais adiante, houve a descoberta da energia elétrica, ensejando outra revolução nos processos produtivos industriais e levando a um crescimento econômico nunca antes imaginado. Em seguida, o petróleo e o gás natural foram descobertos, e mais uma vez todo o sistema produtivo foi alterado e levou à assombrosa revolução científica e tecnológica do século 20. Essa é a Segunda Revolução Industrial.

O século 20 viu aumentar significativamente a produção, surgiu a agricultura mecanizada e sem gente, a população começou a se transferir em massa para as cidades e a humanidade experimentou um novo padrão de vida. Em todos esses casos, o mundo viu nascerem novas formas de energia, e aqui reside o ponto fundamental: sem novas formas de energia não há revolução, apenas avanços.

Os menos eufóricos com a telefonia celular, a internet e a tecnologia da informação afirmam que essas invenções são avanços fantásticos, mas não significam uma nova revolução e não representam uma Terceira Revolução Industrial em si. A razão é a mesma: uma revolução somente ocorre quando, ao lado de profundas alterações no sistema produtivo, existe uma revolução nas fontes de energia. Sem isso, os avanços são apenas evolução na mesma estrutura tecnológica.

Para os menos eufóricos, existe uma revolução em gestação, e que poderia ser chamada de Terceira Revolução Industrial, que acontecerá quando o mundo descobrir novas fontes de energia, o que já está em andamento. Se o mundo falhar em incorporar novas fontes de energia, os avanços da telefonia celular, da internet e da tecnologia da informação não configurarão uma nova revolução e podem esgotar a Segunda Revolução Industrial, dizem os céticos.

O argumento apresentado é de que as fontes de energia fósseis (carvão, gás natural e petróleo) não conseguirão sustentar o avanço das novas tecnologias e, então, o aumento da produção e a explosão do consumo em escala global poderão criar um colapso. Esse colapso, ao lado da falta de água potável (este, sim, o maior problema da humanidade), colocará o planeta em uma verdadeira encruzilhada.

José Pio Martins, economista, é reitor da Universidade Positivo.

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