A cooperação internacional tende a se intensificar no futuro. No âmbito da União Europeia, a integração pode superar a área econômica, extrapolando para a área política, em que a perda de soberania parece mais difícil
O futuro da União Europeia (UE) tem sido apresentado por grande parte dos analistas como bastante sombrio. Minha tendência é discordar de tal visão, uma vez que a transparência sempre foi considerada uma característica fundamental desse processo de integração. Além disso, a crise econômica atual vem sendo apontada como um dos maiores obstáculos já enfrentados pelo bloco.
Há, ainda, aqueles que culpam o próprio euro pela crise, quando, na verdade, parece mais fazer parte da solução. Ações conjuntas já foram realizadas e sinalizam para uma maior integração entre os europeus, especialmente os membros da Zona do Euro. As grandes potências da região, França, Alemanha e Itália, chegaram a anunciar a intenção de negociar um novo tratado reformando a UE, intensificando a cooperação e criando novos instrumentos para enfrentar e evitar os problemas que vêm ocorrendo.
Tal declaração ocorreu logo após o novo primeiro-ministro italiano, Mario Monti, assumir o governo, em uma reunião entre ele, o presidente francês Nicolas Sarkozi e a chanceler alemã Angela Merkel, na cidade de Estrasburgo, na França, sede do Parlamento Europeu. Monti, como ex-Comissário europeu, conhece a fundo a UE, além de ter sido escolhido para liderar a Itália na recuperação da confiança dos credores, mostrando que tem condições para pagar a maior dívida do continente.
Antes disso, ainda, outro "Super Mario" já havia assumido o comando do Banco Central Europeu, o também italiano Mario Draghi. Vale ressaltar, o empenho do Fundo Monetário Internacional (FMI) que vem mostrando disposição em ajudar a Europa a enfrentar a crise.
De qualquer maneira, a cooperação internacional tende a se intensificar no futuro. No âmbito da UE, a integração pode superar a área econômica, extrapolando para a área política, em que a perda de soberania parece mais difícil.
O Reino Unido, apesar de ainda manter reservas em relação ao Euro, tem demonstrado disposição em avançar nessa área, inclusive em segurança, talvez para compensar seu distanciamento econômico. A fragilidade europeia em lidar com conflitos internacionais, como foi o caso da ex-Iugoslávia, parece ter convencido os britânicos a investirem mais esforços no setor militar.
Claro que os interesses dos países menores da UE também devem ser levados em conta, mas a disposição dos "quatro grandes" é fundamental para prevermos um ano novo ainda mais europeu.
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Demetrius Cesário Pereira, professor do curso de Relações Internacional das Faculdades Integradas Rio Branco, é bacharel em Relações Internacionais e Direito, especialista em Direitos Humanos e Relações Internacionais, mestre em Relações Internacionais e doutorando em Ciência Política na USP.
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