Existem dois tipos básicos de populistas. Um deles poderá ser o próximo presidente do Brasil
Como serão as eleições de 2018? Temo que 18 seja uma festa do populismo. Os sinais estão no ar: horror à política profissional, apelos ao Poder Judiciário como Batman do Brasil, sonhos de pureza, ressentimento por toda parte. A única forma de garantia contra o vírus do populismo é não esperar muita coisa da política. Na política, menos é mais.
Como diz o filósofo inglês Michael Oakeshott (1901-1990), quase desconhecido aqui, um líder de governo deve ser alguém muito modesto e quase sem “visão de mundo”. Quanto menos acreditar em si mesmo, melhor. Só assim a prudência (maior de todas as virtudes políticas) brotará na alma de alguém fadado à vaidade – como todo mundo que detém poder.
Existem dois tipos básicos de populistas. Um dos dois poderá ser nosso próximo presidente. Podem existir outros tipos, mas esses tendem a deixar a maior parte do eleitorado com tesão. Entretanto, é importante lembrar que todo populista chega ao poder navegando no ressentimento, que é o elemento essencial de todo eleitor que tem tesão por populistas.
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O primeiro é o mais conhecido: o populista de extrema direita. O ressentimento nele é evidente, porque ele é o mais comum dos dois tipos de populistas. Sempre movido pelo ódio por um grupo social, ainda que disfarçado. Normalmente, esses grupos são identificados com alguma forma de “degeneração”. Do ponto de vista da imagem, esse tipo tende a ter o cabelo cortado de forma careta.
No contexto brasileiro, a imagem mais clássica é de alguém que admira a “retidão” militar. Tem uma certa nostalgia da ditadura e é visto como malvado, por exemplo, por artistas, jornalistas e intelectuais. Aqueles entre os artistas, jornalistas e intelectuais que tiverem mais repertório o dirão anti-humanista.
Um novo estereótipo da sua imagem, no contexto mais recente, é o de um evangélico contra gays. Um fanático religioso com ares de resposta ao “horror esquerdista”.
Afora jovens raivosos e com dificuldade de sociabilidade, esse tipo tende a atrair o mercado clássico dos eleitores populistas de extrema direita: gente com mais idade, mais fracassos acumulados na vida profissional e afetiva, e com mais experiência no impasse que é a vida, em grande parte dos casos.
No caso de homens, tende a atrair aqueles que pegam menos mulheres.
O outro tipo de populista é menos óbvio, mas nem por isso menos perigoso. Um representante “chique” dessa linha é o novo líder do trabalhismo inglês, Jeremy Corbyn, que ganhou o “voto jovem” nas últimas eleições britânicas.
Prometendo dar tudo de graça, esse novo ícone do populismo de esquerda mundial quase ganhou as eleições. Sorte dele, porque ia fracassar como todo mundo que promete tudo para o povo.
Os jovens são um capítulo à parte no que se refere a esse tipo de populista, o populista do bem, o de esquerda. Jovens têm vocação natural ao populismo, por acreditarem que o mundo é simples como uma teoria qualquer. Todo movimento político estudantil tende ao populismo; basta assistir a uma de suas assembleias.
No contexto brasileiro, esse populista deverá vir dos grupos considerados “vulneráveis” para ser ideal, como nosso ex-operário sindicalista. Virá carregado pelos setores “progressistas” da sociedade e abraçado por artistas (que, normalmente, entendem de política tanto quanto um bebê entende de física quântica), intelectuais e grupos dos “sem alguma coisa”. Ele vai prometer tudo o que o PT prometeu e não cumpriu. A começar pela vingança contra a elite.
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A esquerda está à caça de seu populista. Alguns candidatos a esse posto já aparecem por aí. Não está fácil. A extrema direita já tem o seu. Ninguém sabe se ele resiste ao mundo fora das redes sociais, mas já está, de alguma forma, mais à frente em sua campanha populista.
A esquerda está desorientada; depois de comer na mão de nosso ex-operário sindicalista por anos, encontra alguma dificuldade em achar seu novo “pai do povo”.
Dois mil e dezoito será populista, como o 18 de Brumário foi. Você não sabe o que foi o 18 de Brumário? Olhe no Google.