Membros dos três poderes se reuniram em evento sobre democracia relacionado ao 8 de janeiro.| Foto: Lula Marques/Agência Brasil
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Desde o início de novembro, de 2022, em todos os municípios do país, milhares de brasileiros e brasileiras que prezam a liberdade, os direitos humanos, a honestidade, a livre iniciativa, e a democracia se manifestaram, no exercício de seus direitos, publica e pacificamente nas ruas, nos parques, contra o resultado da eleição de outubro que deu a vitória a um personagem conhecido de todos nós e que, pela sua conduta passada e pelas circunstancias excêntricas pelas quais reapareceu no cenário político em 2022, não agradou boa parte dos brasileiros.

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Nas capitais acamparam, durante 60 dias ou mais nas frentes de quarteis do Exército Brasileiro, como a pedir providencias que, dadas às circunstâncias, eram impossíveis de serem atendidas por parte da Forças Armadas. Ainda assim, eles permaneceram nos quarteis, nas praças de todo o país, portando-se pacífica e ordeiramente. Até resolverem que no dia 8 de janeiro de 202, ocupariam a praça dos Três Poderes em Brasília num derradeiro e desesperado esforço, pacífico, de que a presença maciça na Capital Federal, produzisse algum resultado que atendesse às suas aspirações. E assim foi feito.

Centenas de ônibus das mais longínquas geografias do Brasil dirigiram-se, transportando brasileiros, à capital para reunirem-se à grande massa de manifestantes que, pacificamente lá, já se encontrava. Mas os responsáveis pelo projeto de ocupação cometeram um erro. Grave erro! Não procuraram identificar os participantes da ação conjunta e certificarem-se, com absoluta certeza, que todos pertenciam ao mesmo grupo homogêneo que, há tanto tempo, estava junto manifestando-se, com os mesmos objetivos democráticos, pacíficos e legítimos.

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E, por não terem tido esta preocupação em saber se todos os que se dirigiam ou estavam em Brasília eram da mesma conduta e defendiam as mesmas posições ordeiras, permitiram que aqueles que não compartilhavam desse espírito ordeiro e pacífico, destruíssem o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal. Por conta disso, muitos manifestantes ordeiros foram presos, alguns já condenados pela última instancia jurisdicional, mesmo que tenham foro privilegiado que justifique o não o exame de seus casos e eventuais processos e  sentenças pela Justiça comum de primeira instância.

Presos e condenados, carregam hoje a pecha de terroristas das piores espécies cuja reputação coletiva e individual auferida em decorrência dos fatos acontecidos, a imprensa se encarregou de divulgar. Houve tentativas de suicídio e um dos reclusos que era portador de uma série de doenças, mesmo tento sua soltura orientada pelo Ministério Público não obteve este resultado e acabou morrendo na prisão. Assim, a manifestação que começou com tantos ideais nobres, libertários e patrióticos em 2022, foi transformada em atitude criminosa e virou  alvo das autoridades da Suprema Corte de Justiça. Os acusados que não tiveram seus crimes materialmente comprovados estão sendo condenados a penas que variam de 14 a 17 anos de reclusão – para a qual não há nem possibilidade de recurso.

Quanto aos que, de fato, queriam cometer dano ao patrimônio público, alguns com certeza serão presos; mas os que não o foram, certamente estarão festejando o resultado obtido, naquele 8 de janeiro de 2023 e, às gargalhadas, rindo-se dos manifestantes brasileiros comuns e ordeiros  que pagaram o preço alto de seu despreparo e ingenuidades. E os manifestantes  que foram presos e condenados, exemplarmente, com os rigores da lei, se arrependerão, eternamente, pelo descuido cometido.

Erner Antonio Freitas Machado é consultor financeiro e imobiliário.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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