No dia 15 de setembro passado, a Diocese de Ponta Grossa comemorou o 80.º aniversário de sua fundação, a 10 de maio de 1926.
Entre as comemorações, foi celebrada solene missa, presidida por dom Sérgio Arthur Braschi, Bispo Diocesano, na Catedral de Ponta Grossa. Para esta solene missa, fui convidado por dom Sérgio para a pregação.
Iniciei minha homilia, dizendo: "Te Deum Laudamus, Te Dominum Confitemur", cuja tradução mais livre significa: "Nós vos louvamos Senhor Deus e cantamos hinos de ação de graças".
Realmente, há muitos motivos para louvar o Senhor e elevar cantos de ação de graças nesses 80 anos da Diocese de Ponta Grossa.
Na primeira parte, descrevi a origem histórica de Ponta Grossa e na segunda retratei os cinco Bispos Diocesanos e os dois auxiliares.
Antecedentes históricos
Ponta Grossa no século XVIII, aproximadamente pelo ano de 1750, era local de pousada de tropeiros que ora vinham do Rio Grande do Sul para vender seus animais em Sorocaba, São Paulo, importante local de comércio ou, vice-versa, paulistas que viajavam ao Rio Grande do Sul pela mesma finalidade.
O primeiro povoador de Ponta Grossa foi o capitão-mor José de Góis e Moraes, filho do paulista Pedro Taques de Almeida com seus parentes Bartolomeu Pais de Abreu, Antônio Pinto Guedes e o coronel Domingos Teixeira de Azevedo, este pai de Frei Gaspar da Madre de Deus.
Outros, que depois vieram unir-se aos fundadores, se tornaram grandes fazendeiros, sofridos pelo isolamento e pelo amanho da agricultura e pecuária. O trabalho mais pesado e humilde era executado pelos escravos, aproximadamente mil. Como fugissem de seus patrões, nem sempre dóceis, gerando insegurança às famílias e a eles mesmos, por proposta do capitão-mor de Castro, foi criada a Companhia de Cavalaria de Ordenanças em Ponta Grossa, a 11 de março de 1796, para manter a ordem e a segurança.
Sendo no Brasil a religião católica oficial, o primeiro atendimento espiritual foi dado pelos jesuítas de Paranaguá, que receberam do capitão-mor José de Góis e Moraes a fazenda de Pitanguy, fundando a Capela de Santa Bárbara, primeiro local de culto na região de Ponta Grossa.
Com a expulsão dos jesuítas de Paranaguá, pela Carta Régia do Rei de Portugal, Dom José I, a pedido do Marquês de Pombal, a 4 de julho de 1759, o povo de Ponta Grossa era atendido esporadicamente pelos padres de Castro, distante 45 km, sendo paróquia desde 19 de março de 1774 e dos de Tamanduá e Palmeira, desde 20 de março de 1813, um pouco mais próximos.
Paróquia
Tendo crescido a população, o povo, sentindo a necessidade de uma assistência espiritual mais regular, recorreu ao governo provincial de São Paulo, pedindo a criação da paróquia, a 13 de julho de 1821. Não foi atendido seu justo pedido. Somente com a Independência do Brasil, dom Pedro I criou a paróquia de Ponta Grossa, a 15 de setembro de 1823, sendo a primeira em seu governo, a nona no Paraná, recebendo o assentimento do Bispo de São Paulo. Esta data é a do dia oficial da cidade de Ponta Grossa, com feriado municipal.
Em 1903, dom José de Camargo Barros, primeiro Bispo de Curitiba, enviou à paróquia os missionários do Verbo Divino.
Denominações
Ponta Grossa chamava-se Estrella, depois Pitanguy, desde 15 de abril de 1871 e Ponta Grossa a partir de 5 de abril de 1872.
Município e Cidade
O município de Ponta Grossa foi criado a 7 de abril de 1855 e elevado à categoria de cidade, a 24 de março de 1862.
Diocese
No Brasil Colônia, só havia 9 dioceses; no Império foram criadas mais três somente. Com a Proclamação da República, as dioceses foram se multiplicando com a criação das quatro primeiras, a 27 de abril de 1892: Curitiba, Manaus, João Pessoa e Niterói, sendo Rio de Janeiro elevada a Arquidiocese.
A partir do século XX, foram criadas as Arquidioceses de Mariana, Minas Gerais, e Belém do Pará em 1906, São Paulo (1908), Olinda, Porto Alegre e Cuiabá (1910), João Pessoa (1914), Fortaleza (1915), Diamantina, Minas (1917), Maceió (1920) e Belo Horizonte (1924).
Os políticos do Paraná, senador dr. Afonso Camargo e o presidente (governador) dr. Caetano Munhoz da Rocha, fizeram sentir ao Bispo de Curitiba, dom João Francisco Braga, que Ponta Grossa devia ser Diocese.
Dom João Braga consultou o Arcebispo de São Paulo, dom Duarte Leopoldo e Silva, que foi Bispo de Curitiba de 1904 a 1907, e dom Alberto José Gonçalves, Bispo de Ribeirão Preto, que foi pároco da matriz e Catedral de Curitiba, desde 1888, para saber se não era hora de serem criadas novas Dioceses no Paraná e elevada Curitiba a Arquidiocese. Dom Alberto, em nome dos dois, que conheciam bem o Paraná, respondeu a dom João Braga, aconselhando-o a jogar água benta sobre seu escrúpulo.
Dom João Braga também consultou o Núncio Apostólico, dom Henrique Gasparri, a 14 de maio de 1924, sobre a viabilidade da criação de Dioceses no Paraná, e a elevação de Curitiba a Arquidiocese. Recebida a resposta positiva, dom João Braga constituiu a comissão para a criação das novas Dioceses no Paraná, Ponta Grossa no Sul, Jacarezinho no Norte e Foz do Iguaçu no Oeste.
Nomeada a comissão, comunicou ao Núncio que o presidente (governador do Paraná) dr. Caetano Munhoz da Rocha fez generosa doação para a infra-estrutura das novas Dioceses. A 10 de maio de 1926, foi criada a Diocese de Ponta Grossa com a de Jacarezinho e a Prelazia de Foz do Iguaçu e elevada Curitiba a Arquidiocese.
A Diocese de Ponta Grossa era assim constituída: extensão de 55.158 km2, com a população de 209.000 habitantes, 12 paróquias: Ponta Grossa, Castro, União da Vitória, Guarapuava, Palmas, Prudentópolis, Ipiranga, Ivaí, Imbituva, Tibagi, Cruz Machado, Rio Claro. Os presbíteros era 27 latinos: 13 verbitas em Ponta Grossa e Guarapuava, 5 lazaristas (vicentinos) em Imbituva, Prudentópolis, Cruz Machado e Rio Claro, 5 franciscanos em Palmas e União da Vitória, 4 estigmatinos em Tibagi e Castro, 8 ucrainos em Malet, Prudentópolis e Dorizon, nenhum diocesano latino.
Por todo o bem realizado na Diocese de Ponta Grossa, cantemos: "Te Deum Laudamus, Te Dominum Confitemur".