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No início da década 1930, a queda do produto mundial, fenômeno conhecido por recessão ou depressão, gerou desemprego, fome, doença e desespero. Nos Estados Unidos, o produto caiu mais de 40%, seguido por deflação, ou seja, queda no nível médio dos preços. John Maynard Keynes, considerado o maior economista do século 20, ofereceu uma solução para essa crise, receitando aumento nos gastos do governo pago com emissão de moeda e não com impostos.

A receita de Keynes foi adotada nos Estados Unidos e na Europa, e a economia se recuperou. Entretanto, os políticos não entenderam que, uma vez superada a crise, seria necessário conter os déficits públicos e retirar o Estado de atividades empresariais. Infelizmente, o contrário foi feito. Nunca mais os governos tiveram contas equilibradas e nunca mais o Estado deixou de se intromoter em atividades produtivas. O setor público inchou demais, perdeu eficiência gerencial e passou a fabricar inflação com seus déficits vergonhosos.

O governo tem importante papel a cumprir na organização social. Entretanto, ao exorbitar de suas funções e estender seus tentáculos para atividades empresariais tipicamente privadas, ele deixa de cumprir com eficiência o seu papel essencial. Foi a estagflação – coexistência de inflação com recessão – resultante da falência nas contas públicas que fez o pensamento liberal renascer com toda força nos anos 80 do século passado. Atualmente, mais gasto público financiado por emissão de moeda é receita de empobrecimento.

Nunca é demais repetir que a receita de desenvolvimento – crescimento econômico com melhoria do bem-estar social – exige retirar o Estado de tarefas empresariais, sanear suas contas e concentrá-lo em suas funções clássicas de prover justiça, defesa, segurança, saúde e educação. Uma das razões para isso é que o governo não tem dinheiro para fazer tudo, não há mais espaço para aumentar a tributação e está morta a idéia de pagar déficits com fabricação de dinheiro, pois a causa primária da inflação é a emissão de dinheiro sem o equivalente aumento da produção.

Mas o Brasil é um país teimoso e o monstro estatal agoniza cambaleante. De apagão em apagão parece que só seremos salvos quando a falência for completa. O caos que se instalou na infra-estrutura brasileira, que é basicamente estatal, sobretudo em energia, portos, aeroportos e transportes, somente será combatido em toda a sua extensão quando o povo brasileiro entender de uma vez por todas que não há nada mais atrasado do que esse discurso nacionalista e estatizante. O ex-presidente Reagan dizia que o governo é o problema, não a solução. É intrigante que o povo brasileiro continue amando tanto o Estado e odiando a liberdade, a privatização e a desregulamentação da vida privada.

Geraldo Alckmin ficou apavorado quando Lula começou a acusá-lo de privatista. Em vez de defender a idéia de que a privatização é boa e necessária, mostrando que o Brasil só não está muito pior pela pouca privatização que já foi feita, ele saiu vestindo camisa da Petrobrás e dos Correios. Os melhores países do mundo são aqueles em que o Estado se mete o mínimo em atividades produtivas. Mais cedo ou mais tarde, até pelo tamanho da dívida pública, o Brasil entenderá que é necessário privatizar tudo o que não for função clássica de governo. Essa é a receita para que o país comece a inverter o atual quadro lamentável de destruição da infra-estrutura e falta de investimentos governamentais em áreas que aqui são estatais.

Há dois tipos de felicidade: A "felicidade-dádiva", aquela existente nas crianças, que a natureza nelas coloca para que elas desfrutem a infância; e a "felicidade-conquista", aquela que cada um constrói com a sua capacidade de trabalhar o corpo, a mente, a emoção e o espírito. Esta última depende da nossa capacidade de aprender e evoluir.

Que 2007 seja um ano em que as leis que regem a economia sejam compreendidas por aqueles que têm a responsabilidade de dirigir os destinos desta nação tão machucada por apagões... apagão ético, apagão aéreo, apagão energético, etc., a fim de que não entremos numa onda de "apagão da esperança".

José Pio Martins é professor de Economia e vice-reitor do Centro Universitário Positivo – UnicenP.

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