A ameaça da volta ainda paira, mesmo com todas as prisões recentes de petistas envolvidos em grossa corrupção e roubando velhinhos e aposentados. Afinal, até agora 38 de um total de 81 senadores já declaram abertamente que votarão pelo impedimento de Dilma ao fim deste processo. E são necessários 54 votos para alijá-la da Presidência da República. Dezoito dizem que se manterão fiéis àquela que, como poste de Lula, nada iluminou; ao contrário, espalhou a escuridão e acabou de destruir o país, na obra iniciada por seu antecessor e guru político. Até agosto, quando o Senado decidirá pelo afastamento ou permanência da sucessora de Lula, a nação sentirá calafrios a cada movimento político.
Enquanto disfarçam seu receio de definitivamente voltar para casa, pelo menos até as eleições de 2018, Lula, Dilma, seu bando e agregados, apesar de todo o estrago causado ao país em 13 anos, articulam formas de minimizar ou de adiar o enterro de seu partido. Os petistas são mestres nisso: quando sentem a vaca no brejo, tentam inventar cordas novas para puxá-la antes que afunde de vez.
A mais nova panaceia é a presidente afastada Dilma acenar com a proposta de um plebiscito
A mais nova panaceia é a presidente afastada Dilma, enquanto manipula dados técnicos, acenar com a proposta de um plebiscito para decidir se os brasileiros devem ou não votar novamente, antes de 2018, para eleições presidenciais e escolher seu substituto. A mídia está carregada de suas declarações, como se fosse uma martirizada de bons princípios para que o país dê certo. Um dos seus porta-vozes, o presidente da CUT, Vagner Freitas, agora repete a ladainha: quer plebiscito para ver se deve ou não haver novas eleições. Até ontem, o cutista ameaçava pegar em armas para manter sua presidente no poder.
Ao mesmo tempo, na Câmara, o procurador do Ministério Público Deltan Dallagnol repetiu um número estimado pela Organização das Nações Unidas: o Brasil perde R$ 200 bilhões anuais com desvios e fraudes. Este é o Custo Brasil da Corrupção. Dallagnol deveria repetir esse número, em alto e bom som, no Senado, para aqueles que têm a responsabilidade de afastar ou manter o grupo petista no poder.
Apesar de a volta da que já foi ser praticamente inviável (ela não tem mais governabilidade, com forte rejeição no Congresso e em sua própria base, faltando-lhe até o apoio dos movimentos sociais ou do próprio PT), Dilma, Cardozo e Vagner, além das Gleisi e Grazziotin da vida, e o próprio Lula, continuam a tentar provocar turbulência na vida nacional. É a teoria da vaca no brejo. Tentam puxá-la da lama mesmo pelo rabo. Infelizmente, este é o retrato do Brasil, com noticiário farto dominado pela corrupção, envolvendo líderes políticos e empresários de alto coturno, e a ação da Justiça e outras instituições tentando equilibrar uma democracia ainda frágil.
Fico imaginando o pior no absurdo do absurdo em nosso país: ela de volta, pedalando, magnífica, aplaudida pela horda de sanguessugas do poder e dos cofres palacianos. Já imaginaram? E os nobres senadores, já imaginaram? E, se imaginaram, não podem esquecer a que foi conivente com a corrupção na Petrobras, a que tentou obstruir a Justiça na operação Lava Jato, a que quebrou a economia do país, a que deixou 14 milhões de desempregados, a que prometeu trigo no período pré-eleitoral e só entregou joio aos brasileiros.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”